Gabriel Monteiro, candidato a vereador, com escolta - Reprodução
Gabriel Monteiro, candidato a vereador, com escoltaReprodução
Por O Dia
Rio - Após a Polícia Militar abrir sindicância para apurar a escolta armada do candidato a vereador do Rio de Janeiro Gabriel Monteiro (PSD), o PM licenciado publicou, na tarde deste sábado, um vídeo onde mostra um suposto policial que afirma ter sido cedido exclusivamente para fazer parte de sua segurança. "Sou da Segunda Seção da minha unidade e estamos cedidos oficialmente para o Gabriel Monteiro, para sua proteção. Todas as armas [utilizadas para escolta] são legalizadas e registradas pela Polícia Militar", afirma. A fala ocorre após O DIA publicar nesta sexta, com exclusividade, as imagens de campanha divulgadas pelo próprio candidato, onde os policiais aparecem sem fardamento e portando armas ao lado de Monteiro.
Em um trecho do vídeo, o homem que se diz PM chega a mostrar uma identidade funcional para "provar" que faz parte da corporação. Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou que instaurou um procedimento apuratório interno e está averiguando a conduta dos envolvidos.
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Entenda o caso
Nas ruas, Gabriel Monteiro tem chamado a atenção durante suas atividades de campanha por andar cercado por homens armados com escopetas, além de máscaras e blusas do personagem Justiceiro, da Marvel. Os seguranças também utilizam um distintivo não regulamentado em nenhuma corporação, mas que pode ser comprado em lojas de fantasia e artigos militares. 
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Gabriel, que é licenciado da Polícia Militar, afirma estar sob proteção do estado. No entanto, nenhum outro órgão de segurança pública reconheceu tais serviços de escolta armada.
"Eu estou na proteção do Estado. Existem investigações que estão na Polícia Civil, que são sigilosas, que a minha cabeça está valendo R$ 2 milhões, com provas vastas e delegados testemunhando a meu favor. Com isso, o Estado, a Polícia Militar, reconheceu que estou em perigo iminente de vida e policiais, hoje, estão na minha segurança. São policiais de serviço", declarou Gabriel.
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Em suas redes sociais, Gabriel também posa para fotos e grava vídeos com os seguranças ao seu redor. A maioria aparece fazendo caretas de mal-encarados, com os distintivos. Além da PM, as polícia Civil e Federal afirmam que não cederam nenhum de seus agentes para fazer a segurança do candidato.
Questionado sobre quando teria começado a ter sua proteção do estado e quem seriam os seguranças, Monteiro disse que não poderia responder. "A minha escolta é feita pela polícia, não posso te falar quais são os policiais que participam (qual corporação). São policiais de serviço, é a única coisa que posso falar. Não posso dar detalhes porque as investigações estão sob sigilo", disse.
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Gabriel diz que além das ameaças, a Polícia Civil também havia constatado que criminosos ligados a grupos de contravenção estariam pagando R$ 2 milhões pela sua morte, e que teria, inclusive, um inquérito sigiloso sendo investigado pela Delegacia de Repressão à Ações Criminosas Organizadas (Draco).
PMs vão responder a processo interno
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A Polícia Militar identificou e abriu inquérito contra os agentes que participaram da escolta ilegal armada ao candidato a vereador Gabriel Monteiro (PSD), na última quarta-feira. A corporação apurava a conduta dos militares desde a manhã desta sexta-feira, quando O DIA publicou imagens de campanha divulgadas pelo próprio candidato, onde os policiais aparecem sem fardamento e portando armas ao lado do ex-PM.
De acordo com a corporação, os policiais responderão a processo interno pelas violações do código da corporação. O uso de distintivos não regulamentados foi outra falha dos policiais integrantes da escolta ilegal. A conduta dos militares foi registrada durante compromisso de campanha de Gabriel Monteiro, em Campo Grande, na Zona Oeste.
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O DIA procurou um especialista em segurança dignatária e confirmou a informação. "Pela lei, esses agentes não podem colocar suas armas à serviço da segurança de um terceiro. Pior que isso é o uso de armamento de caça para fazer tal proteção", concluiu o especialista, se referindo a espingarda, calibre 12, portada por um dos agentes flagrados nas imagens.
Ainda segundo o especialista, tal armamento pode ser adquirido por policiais militares, mas não portado ostensivamente e para segurança de terceiros.