Após denúncias, terras com restos mortais são colocadas dentro do cemitério de Campo Grande
Após denúncias, terras com restos mortais são colocadas dentro do cemitério de Campo GrandeArquivo Pessoal / Agência O Dia
Por Luisa Bertola * e Beatriz Perez
Rio - Os morros com restos mortais foram colocados de volta ao Cemitério de Campo Grande, Zona Oeste do Rio, após denúncia feita pelo Dia. O caso foi noticiado com exclusividade na quinta-feira, e mostrava que desde que o cemitério entrou em obras, há mais de seis meses, a terra escavada de túmulos antigos estava sendo despejada em uma área externa ao terreno. Questionada sobre a data de início da obra e seu objetivo, a Rio Pax, responsável pelo cemitério não respondeu à reportagem.
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Um morador, que não quis se identificar, relatou que agentes do Comando de Polícia Ambiental, da Polícia Militar, atuaram no local nesta sexta-feira retirando os montes e diversos ossos foram encontrados. 
Em nota, a PM informou que os policiais realizaram a ação para checar atividades irregulares no cemitério. No local, uma retroescavadeira e um caminhão foram encontrados aterrando ossadas em um terreno baldio nos fundos do cemitério.
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Um homem se apresentou como responsável do local e foi conduzido à 35ª DP (Campo Grande) para prestar esclarecimentos.
Ainda segundo o morador, por conta das obras realizadas, a lama do cemitério ficou espalhada no chão por conta das máquinas pesadas que "trabalham noite e dia". Ele ainda relatou que o odor desagradável no local continua forte.
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"O pior é que a lama toda está lá, eles trabalharam toda a madrugada querendo esconder, levando a terra para dentro do cemitério de novo, mas agora estragou tudo. Como ficou tudo degradado, acabou todo o espaço de lazer da comunidade", contou. 
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Em nota, a Rio Pax diz que o cemitério de Campo Grande, após as obras, passou a ser referência na Zona Oeste, exemplo de modernidade e cuja melhoria nos atendimentos é visível. A empresa alega que por anos o cemitério de Campo Grande deixou de receber investimentos em obras. " A Concessionária esclarece que tal "terra" é proveniente do próprio cemitério e será usada na compactação do terreno para a construção de novas sepulturas", diz em nota. A RioPax diz que a terra já foi realocada em local próprio.
A Polícia Civil apura o motivo de o cemitério ter despejado entulhos com restos mortais em uma via pública do bairro. A ocorrência foi registrada na 35° DP (Campo Grande), e responsáveis pela administração do cemitério devem ser ouvidos.
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Moradores da comunidade conhecida como "Favelinha das Almas", vizinha ao cemitério, ficam expostos à terra com matéria orgânica como ossos e pele. Desde que o cemitério entrou em obras, a terra escavada de túmulos antigos está sendo despejada em uma área externa.
Crianças e adolescentes que utilizam o campo de futebol ao lado do Cemitério de Campo Grande, para brincar de bola ou soltar pipa, têm que dividir o gramado com morros macabros, perigo de contaminação e odor. Um vídeo de 7 de junho, mostra crianças participando de um festival de pipas ao lado dos morros insalubres. 
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Nos morros de terra, que ficam na área externa do cemitério, os moradores encontravam pedaços de ossos, crânios, pele, crucifixos, mármore e pedaços de túmulos, entre outros detritos do cemitério.
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*Luisa Bertola é estagiária