Emily à esquerda e Rebeca, à direita  - Arquivo Pessoal
Emily à esquerda e Rebeca, à direita Arquivo Pessoal
Por O Dia
Rio - A ONG Rio de Paz se pronunciou, através das redes sociais, sobre a morte das primas Emily Victória Silva dos Santos, de 4 anos, e Rebeca Beatriz Rodrigues dos Santos, 7 anos, que morreram, vítimas de bala perdida, enquanto brincavam na porta de casa, na sexta-feira (4), na comunidade do Barro Vermelho, em Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense. Na postagem, a organização classificou o episódio de violência como uma tragédia.
"Mais duas crianças foram mortas vítimas da violência. Sempre que essas mortes ocorrem pensamos que tudo vai mudar, uma vez que a face mais hedionda da criminalidade no Rio é a morte por bala perdida desses meninos e meninas. Contudo, nada muda. Famílias permanecem desamparadas, a autoria dos homicídios não é elucidada, os assassinos não são punidos e nenhuma transformação ocorre na política de segurança pública. Vale lembrar que quem morre são crianças pobres. Nisso reside a razão da indiferença por parte das autoridades públicas”, criticou o presidente da ONG, Antonio Carlos Costa.
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Emily e Rebeca brincavam na porta de casa, ao lado das mães que conversavam, quando policiais militares tentaram abordar duas pessoas que estavam em uma motocicleta. Segundo vizinhos e familiares, houve pelo menos três disparos. A avó de uma das meninas, acusou os policiais de saírem do local sem prestar socorro às crianças.
As meninas foram socorridas por parentes e vizinhos e levadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Sarapuí, também em Caxias, mas não resistiram.

A pequena Emily Victória foi atingida na cabeça e a prima Rebeca Victória foi baleada no tórax. Emily faria aniversário no próximo dia 23 de dezembro, quando completaria 5 anos. Ela será sepultada com a roupa que ela mesma escolheu para usar em sua primeira festinha de aniversário.

"Parece que explodiu uma bomba na nossa família. A Rebeca era a minha única filha, a Emily era minha prima. Agora, só nos resta chorar", desabafou Maycon Douglas Moreira Santos, 25 anos, pai da pequena Rebeca.

Números e nomes da tragédia
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A ONG Rio de Paz acompanha os casos de crianças mortas vítimas de armas de fogo desde 2007. A organização contabiliza, desde então, 79 vidas tiradas de crianças e adolescentes no Rio, a maioria delas por balas perdidas.  Só este ano de 2020, a Rio de Paz listou 12 casos, uma média de uma morte por mês.
Além de Rebeca e Emily, saiba quem são as outras vítimas:
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1- Anna Carolina de Souza Neves (8 anos): Morreu após ser baleada em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, em 9 de janeiro.
2- João Vitor Moreira dos Santos (14 anos): Morreu após ter sido baleado na cabeça em 29 de janeiro quando passava pela Avenida Vicente de Carvalho, no bairro Vila Kosmos, na Zona Norte do Rio. 
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3- Luiz Antônio de Souza Ferreira da Silva (14 anos): Foi atingido assim que saiu de uma consulta no psicólogo com a mãe no dia 6 de fevereiro, na comunidade Vila Ruth, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. 
4- Douglas Enzo Maia dos Santos Marinho (4 anos): Morto com um tiro no peito, durante sua festa de aniversário no dia 7 de junho, em Piabetá, distrito de Magé, na Baixada Fluminense.
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5- João Pedro Matos Pinto (14 anos): Baleado e morto durante uma operação conjunta da Polícia Federal, com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, 18 de maio.
6- Rayane Lopes (10 anos): Morta numa chacina ocorrida na madrugada do dia 28 de junho durante uma festa junina que terminou com outras sete pessoas feridas no condomínio Jamaica, em Anchieta, na zona norte do Rio.
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7- Kauan Vítor (11 anos): Foi baleado na cabeça em 25 de junho, na Maré, Zona Norte do Rio, enquanto brincava na porta de casa.
8- Ítalo Augusto (7 anos): Morreu após ser atingido por uma bala perdida n porta de casa, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, em 30 de junho. 
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9- Maria Alice (4 anos): Baleada em um confronto entre bandidos em Três Rios, no Vale do Paraíba,  em 2 de julho. 
10- Leônidas de Oliveira (2 anos): Morto por bala perdida dia 9 de outubro, em frente a um supermercado na Avenida Brasil, na altura da comunidade Nova Holanda, na Maré, onde morava. 
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