O ex-prefeito do Rio, Marcelo Crivella - Estefan Radovicz / Agência O Dia
O ex-prefeito do Rio, Marcelo CrivellaEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por Natasha Amaral*
Rio - A decisão judicial que resultou na prisão do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), assinada pela desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, menciona que o chefe do poder executivo municipal entregou um aparelho celular de outra pessoa, durante uma investigação em setembro, quando houve um pedido de busca e apreensão em sua residência. Além de Crivella, outros cinco alvos foram presos em operação do MPRJ e da Polícia Civil contra um 'QG da Propina' na prefeitura nesta terça-feira. Entre eles, o empresário Rafael Alves, homem forte de Crivella e apontado como operador do esquema, o delegado Fernando Moraes, o ex-tesoureiro de Crivella Mauro Macedo e os empresários Adenor Gonçalves e Cristiano Stockler, da área de seguros.
"E para finalizar o quesito "conveniência da instrução criminal", durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão expedidos (...), o prefeito Marcelo Crivella, assim como o também denunciado Mauro Macedo deram mostras de que pretendem colocar todos os obstáculos à apuração dos fatos na busca da verdade real, pois o prefeito, naquela ocasião, entregou aos agentes encarregados da diligência, afirmando ser de seu uso, um aparelho de telefone celular de terceiro", diz parte da decisão obtida pelo DIA.
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A desembargadora destaca, ainda, que a fraude foi constatada a partir de exame no aparelho apreendido. "Tal fato, sobre o qual o Ministério Público discorreu com riqueza de detalhes, foi apurado mediante o exame dos dados armazenados no citado aparelho, inclusive rastreamento do seu percurso por meio dos dados armazenados no GPS, tudo devidamente documentado nos autos".
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"Esse tipo de conduta, aliás, parece ser uma prática constante entre os membros da organização criminosa", completa Rosa Helena Penna Macedo Guita.
Esquema se intensificou nas eleições de 2016, aponta denúncia
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De acordo com os depoimentos prestados pelo doleiro Sérgio Mizrahy à Polícia Civil do Rio, a empreitada criminosa teria se intensificado em 2016, durante a campanha eleitoral de Marcelo Crivella. Segundo a decisão judicial que culminou com as prisões desta terça-feira, naquela ocasião, Rafael Alves pediu a Crivella que providenciasse contas bancárias pelas quais pudesse receber quantias em espécie a serem utilizadas na referida campanha.
"Uma vez eleito Marcelo Crivella, o denunciado Rafael Alves passou a ocupar uma sala na sede da Riotur, mesmo sem exercer qualquer cargo público, local onde o colaborador esteve por diversas vezes para lhe entregar valores em espécie provenientes das operações de troca de cheques mediante cobrança de 'taxa de serviço'..."
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De acordo com a delação de Mizrahy, Rafael Alves cobrava propina para autorizar o pagamento de faturas atrasadas a empresas credoras da prefeitura, destinando o percentual de 20% a 30% a Marcelo Alves, irmão de Rafael Alves e então presidente da Riotur, e outro percentual ao próprio Prefeito Marcelo Crivella.
"Corroborando os fatos narrados pelo colaborador Sérgio Mizrahy, na data da sua prisão pela Polícia Federal foi arrecadado na sua casa um cheque no valor de R$ 70.000,00, da empresa Randy Assessoria, pertencente ao empresário e hoje denunciado/colaborador João Alberto Felippe Barreto", acrescenta a desembargadora.
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*Colaborou Luana Benedito