Prefeito do Rio, Marcelo Crivella é preso.Na foto,  Crivella, deixa a cidade da Policia. - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Prefeito do Rio, Marcelo Crivella é preso.Na foto, Crivella, deixa a cidade da Policia.Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Por Bernardo Costa
Rio - A Igreja Universal do Reino de Deus é citada nominalmente na decisão da desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, que decretou a prisão preventiva do principal grupo que, segundo os investigadores, compõe a suposta organização criminosa que se instalou na Prefeitura do Rio desde a campanha eleitoral de 2016, formado por Marcelo Crivella, Rafael Alves, Mauro Macedo, Eduardo Benedito Lopes, Christiano Borges Stockler Campos, José Fernando Moraes Alves e Adenor Gonçalves.
Em seu despacho, a desembargadora diz, em determinado trecho:
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"(...) E ainda com relação à lavagem de dinheiro, chamam a atenção as estreitas relações religiosas mantidas entre o Prefeito Marcelo Crivella, Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Mauro Macedo, primo do fundador da referida Igreja, e Eduardo Benedito Lopes, Bispo da mesma Igreja, em cotejo com o Relatório de Inteligência Financeira n.º 42.938, mediante o qual foi identificada e comunicada movimentação financeira anormal no âmbito daquela instituição religiosa, na ordem de quase seis bilhões de reais no período compreendido entre 05/05/2018 e 30/04/2019, o que sugere a indevida utilização da Igreja na ocultação da renda espúria auferida com o esquema de propinas".
A desembargadora prossegue:
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"(...) até porque, como já observado, Mauro Macedo e Eduardo Benedito Lopes, ao lado de Rafael Alves, foram identificados como operadores financeiros do grupo criminoso, ocupando, por assim dizer, o chamado '1º escalão'".
Investigadores do Ministério Público e Polícia Civil em entrevista coletiva sobre a prisão de Crivella e outros seis acusados - Divulgação/MPRJ
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Questionados sobre a suposta lavagem de dinheiro por meio da Igreja Universal do Reino de Deus, os investigadores do Ministério Público estadual e da Polícia Civil afirmaram, em entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira, que não foi possível concluir pela efetiva utilização da Igreja Universal como fonte de lavagem de dinheiro.
"A Igreja Universal foi referida expressamente pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), em relatórios de inteligência financeira, em razão de várias movimentações atípicas de valores em espécie exorbitantes. Em razão da menção do Coaf, em mensagens do próprio Rafael Alves... Essas informações juntas indicam que a Universal era usada no esquema, mas a questão da lavagem, de forma mais completa, ela ainda é um dos desdobramentos que vai decorrer dessa investigação", disse Carlos Eugênio Greco, promotor de Justiça assistente do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim/MPRJ).
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Segundo Greco, em uma das mensagens entre Rafael Alves e o prefeito Marcelo Crivella em que a igreja é citada, Rafael Alves diz, em tom ameaçador. "Eu posso acabar com o governo. Eu posso acabar com uma igreja".
O DIA fez contato com o setor de imprensa da Igreja Universal, mas ainda não obteve resposta.
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Atualização
A Igreja Universal do Reino de Deus respondeu aos questionamentos da reportagem, na manhã desta quarta-feira. Segundo a igreja, a suposição de que ela tenha sido usada para lavagem de dinheiro é caluniosa e mentirosa, e que pode comprovar com sua contabilidade. 
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A Universal afirma que já enviou à desembargadora relatora do processo no Tribunal de Justiça do Rio, em outubro, uma petição esclarecendo cada uma das entradas e saídas dos valores que constam do relatório do Coaf. 
"Dessa forma, com total transparência, a Igreja comprovou que não há 'movimentação atípica' ou 'anormal'. Todos os valores têm origem e destino legais e declarados. Até o momento, a desembargadora não se pronunciou sobre estas informações prontamente fornecidas pela Universal", diz trecho da nota da Universal.