Conversa entre Rafael Alves e o marqueteiro Marcello Faulhaber - Reprodução
Conversa entre Rafael Alves e o marqueteiro Marcello FaulhaberReprodução
Por Natasha Amaral
Rio - Parte da denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), que resultou na prisão do prefeito Marcelo Crivella e outros cinco envolvidos em um suposto "QG da Propina" na Prefeitura do Rio, mostra a aproximação do empresário Rafael Alves – homem forte de Crivella e apontado como operador do esquema – com Arthur Soares, conhecido como 'Rei Arthur'. Em uma troca de mensagens com marqueteiro Marcello Faulhaber, Alves afirma "ele é o Rei, eu vou ser o príncipe".
De acordo com a denúncia, em um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, no âmbito da Lava Jato, o empresário Ricardo Siqueira Rodrigues esclareceu que conheceu Rafael Alves em 2016, apresentado pelo também denunciado Arthur Soares como "homem de íntima confiança e arrecadador do então Senador licenciado e candidato à prefeitura do Rio, Marcelo Crivella".
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Na delação, o colaborador conta que durante uma reunião anterior à eleição do mesmo ano, Rafael Alves se apresentava como representante de Marcelo Crivella e oferecia futuros contratos a empresários. Ele pediu, na ocasião, R$ 2 milhões em propina, antecipados.
"Ainda naquela oportunidade (reunião), o denunciado Rafael Alves, em comunhão de ações e desígnios com o também denunciado Marcello Faulhaber e agindo por determinação direta e com a ciência prévia do ora denunciado Marcelo Crivella, solicitou a quantia de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) para que pudesse atender a todas as futuras demandas dos empresários presentes à reunião", diz o documento do MPRJ.
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"Na primeira reunião, realizada na residência do ora denunciado Arthur Soares, estiveram presentes, além dele próprio e do colaborador Ricardo Rodrigues, os também empresários Luiz Soares e Marcos Vinicius de Menezes Soares (ambos irmãos de Arthur Soares), bem como Rafael Alves e Marcello Faulhaber", detalha a denúncia.
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Em decorrência da solicitação de vantagem indevida durante o encontro, os empresários informaram quais seriam suas demandas frente a futura gestão. Nesse sentido, Luiz Soares esclareceu ter interesse em ampliar seus contratos com o município, bem como receber valores remanescentes da gestão anterior e ainda não quitados. Marcos Vinicius de Menezes Soares, então representante do grupo econômico PROL, pretendia manter os contratos vigentes e receber expressivos valores remanescentes da gestão anterior e ainda não quitados.
Já Arthur Soares, que havia vendido sua participação no grupo econômico PROL e atrelado o pagamento de suas cotas aos recebíveis pendentes da Prefeitura, manifestou interesse em ver tais débitos quitados da forma mais rápida possível. Por fim, o colaborador Ricardo Siqueira esclareceu que tinha interesse em indicar uma pessoa de sua confiança para a gestão dos investimentos do fundo da PREVI-RIO, em razão de sua grande expertise no mercado financeiro e, com isso, poder operar os valores disponíveis no fundo de acordo com os seus interesses próprios.
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Apesar de Crivella não estar presente, em uma dessas reuniões, o então senador Eduardo Lopes, que era suplente de Crivella, teria comparecido representando o atual prefeito. "A presença do ora denunciado Eduardo Lopes na segunda reunião se justifica, pois, uma das razões para a sua realização seria a necessidade de um encontro pessoal com o denunciado Marcelo Crivella para afiançar a veracidade e legitimidade das solicitações feitas pelos denunciados Rafael Alves e Marcello Faulhaber em seu nome".
"Conclui-se, portanto, que em datas que não se pode precisar, mas certamente nas reuniões que se realizaram na residência do ora denunciado Arthur Soares, entre os dias 02 e 30 de outubro, datas do primeiro e do segundo turnos da campanha eleitoral de 2016, os denunciados Rafael Ferreira Alves, Marcello Faulhaber e Eduardo Lopes, agindo em nome do também denunciado Marcelo Crivella e com a sua prévia anuência, solicitaram, aceitaram promessa e receberam vantagem indevida consistente", finaliza a denúncia.