Edson Torres depõe via vídeo - DANIEL CASTELO BRANCO
Edson Torres depõe via vídeoDANIEL CASTELO BRANCO
Por Yuri Eiras
Rio - Em depoimento ao Tribunal Especial Misto (TEM), nesta quarta-feira, o empresário Edson Torres afirmou que o plano do ex-secretário de Saúde, Edmar Santos, era ser reitor da Uerj e deputado. Torres confessou ter participado de um esquema de corrupção na Saúde do estado, com contratos fraudados e pagamentos de propinas. Santos chegou a ser preso no ano passado, mas foi solto. Nesta quarta, o Tribunal ouve as duas últimas testemunhas no processo de impeachment do governador afastado Wilson Witzel.
Torres afirmou que participou diretamente da escolha de alguns nomes do governo, inclusive o de Edmar Santos. O empresário esteve ao lado de Witzel nos primeiros passos da campanha, em 2017, até se tornar governador. 
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"Participei de ajuda de algumas escolhas, como a do próprio Edmar. No final de outubro (de 2018), ele procurou uma pessoa próxima a mim e pediu reunião comigo. Marcamos um café no Hotel Hilton. Eu estive lá com ele. O Edmar tinha um projeto político de ser diretor do Hupe (Hospital Universitário Pedro Ernesto) e reitor da Uerj, e indo a deputado. Era o projeto político dele que ele tinha compartilhado comigo. Nesse café, ele me pediu se tinha como encaminhar o currículo dele a um cargo do governo do estado já com a eleição do Wilson definida. E assim o fiz", disse Torres, que reforçou a existência de uma 'caixinha de propina' que beneficiava Witzel. Em nota, o governador afastado negou: "Jamais recebi qualquer valor indevido de quem quer que seja, antes ou depois de eleito".
"Quem arrecadava o dinheiro [dos contratos com as OSs] prestava conta e dividia proporcionalmente: 15% comigo, 15% com o Victor Hugo Barroso [doleiro], 30% com Edmar [ex-secretário de Saúde], 40% ia para Everaldo [presidente do partido PSC] e governo", disse Torres. Perguntado se Witzel também se beneficiava da caixinha da propina, o empresário disse "sim".
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O segundo depoente será Valter Ferreira de Alencar Pires Rebelo, presidente do PSC do Piauí. Witzel ainda não será ouvido, por decisão do Superior Tribunal Federal (STF). Ele só será ouvido quando a delação de Edmar Santos se tornar pública.