O motorista José Amorim, de 54 anos, diz que percebeu o gosto e cheiro ruins nesta quarta-feira (20). “Minha esposa já tinha relatado sobre a qualidade da água, mas eu estava sem paladar e olfato por conta da covid-19. Ela e a minha filha, inclusive, começaram a passar mal, eu achei que era exagero. Mas, ontem, eu notei que estava com outro sabor e cheiro”, comenta o morador de São Cristóvão, na Zona Norte.
Por conta da qualidade da água, José vai voltar a comprar galão de água para a casa. “É mais uma despesa. Eu gasto quatro galões por semana e isso dá um custo a mais de R$ 40”, conta o motorista. "Eu me sinto enojado com essas autoridades, que entram para administrar, e não mudam nada. Eles continuam mandando esgoto pra gente", completa.
Ângela Góes, 46 anos, fala que a água está com “gosto horrível” na Pavuna, na Zona Norte, onde mora. Desempregada, ela espera uma solução para o problema. “Com a compra da água mineral, eu tenho uma despesa de R$12 a mais por dia”, lamenta.
O guarda municipal Jorge Barroso, 45 anos, é subsíndico de um prédio de nove apartamentos no Zumbi, Ilha do Governador, e reclama da qualidade da água no condomínio. “Minha esposa, Carla, começou a sentir gosto no último sábado. É um gosto de terra e um cheiro muito esquisito. E olha que aqui no prédio nós temos um filtro que já faz um primeiro tratamento, mas nem isso adianta.”
Jorge Barroso, morador da Ilha do Governador, relata água com cheiro e gosto ruins.#ODia
— Jornal O Dia (@jornalodia) January 21, 2021
Crédito: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia pic.twitter.com/GdLZbaAsDQ
“Eu tenho esposa e três filhas, uma delas de quatro anos, que ainda toma mamadeira. Não tem condições de dar essa água com gosto de sujeira para ela”, completa Barroso, que estima um prejuízo nos próximos dias com a compra de galões d’água.
Procurada, a Cedae ainda não comentou o caso. A Defensoria Pública informou que o Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) está acompanhando a situação e vai analisar o que pode ser feito. Mas sem previsão.
O laudo técnico do estudo afirma que a "alta abundância de bactérias de origem fecal e bactérias degradadoras de compostos aromáticos sugerem contaminação por esgoto doméstico e industrial". E essas bactérias estão presentes em número até mil vezes maior que o tolerado.
Também foram identificadas bactérias entéricas de diversos gêneros que seriam indicadores da contaminação por fezes humanas. O documento chama a atenção que a presença de micro-organismos "potencialmente patogênicos e tóxicos na água bruta e no manancial é um alerta para a necessidade de monitoramento dessas águas".