UFRJ inicia vacinação de profissionais que estão na linha de frente do combate ao Covid-19. Ampola com a vacina contra a Covid-19 - Daniel Castelo Branco
UFRJ inicia vacinação de profissionais que estão na linha de frente do combate ao Covid-19. Ampola com a vacina contra a Covid-19Daniel Castelo Branco
Por Yuri Eiras e Jessyca Damaso
Rio - Na manhã desta sexta-feira, a Polícia Civil, através da Delegacia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (DCC-LD), instaurou inquérito para "apurar denúncias de tentativa de compra de vacinas e de profissionais de saúde sendo coagidos com violência a vacinar pessoas fora dos grupos prioritários". As denúncias partiram de 46 dos 92 municípios do estado do Rio. Um ofício foi encaminhado ao Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren/RJ) solicitando informações sobre a denúncia realizada pela presidente Lilian Behring. Até esta sexta, mais de 42 mil pessoas já haviam sido vacinadas no município.
O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) se reuniu, nesta sexta-feira, com autoridades de saúde, após denúncias sobre irregularidades nas filas. Segundo o Coren, a reunião teve o objetivo de sensibilizar as autoridades para dar prioridade à enfermagem na imunização, uma vez que quem vacina deve ser protegido.
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"Vale frisar que a enfermagem compõe 63,8% dos trabalhadores do setor saúde, maioria de profissionais da área, com cerca de 263.000 trabalhadores no Estado do Rio de Janeiro", disse Lilian Behring. Na noite desta quinta-feira, o conselho se reuniu com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, mas até o momento não informaram o que ficou definido nesse encontro.
A Secretaria de Saúde disse que todas as pessoas vacinadas têm seus nomes e CPFs registrados. O órgão repreende qualquer tentativa de furar a fila de vacinação e tomará medidas rigorosas, caso seja comprovada alguma aplicação indevida fora dos grupos prioritários definidos para este primeiro momento.
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Coren-RJ cria Comissão de Crise Covid-19 no contexto Plano Nacional Imunização
Com o objetivo ajudar a enfrentar e apurar as denúncias "fura filas" e outras vantagens indevidas, foi instituída uma Força-Tarefa de Capacitação do Coren-RJ, nomeando conselheiros para exercerem permanente fiscalização em todas as regiões do estado. 

Além disso, Lilian Behring, presidente do Conselho Regional, solicitará aos 5.936 enfermeiros responsáveis técnicos de enfermagem (RTs) de hospitais e outras instituições de saúde do Rio de Janeiro que atuem na vigilância à vacinação. "O apoio destes profissionais é primordial para que a vacinação ocorra de forma adequada, com respeito ao atendimento dos grupos prioritários", afirmou.
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O Coren-RJ também colocou à disposição dos municípios um treinamento especial para a capacitação da enfermagem que atua nas salas de vacinação. "Promoveremos palestras online sobre a rede de frio, o sistema que assegura as condições adequadas de armazenamento, transporte e distribuição das vacinas, para que não percam a validade", explicou a presidente do Conselho.
Paes: 'tem malandro para tudo'
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Durante a divulgação do mais novo boletim epidemiológico, onde mostrou que 100% das regiões da cidade estão em alto risco para o contágio da Covid-19, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, comentou as denúncias.
"A gente recebeu algumas denúncias de profissionais que teriam se vacinado e não estavam nos grupos. Estamos apurando", informou Soranz. Eduardo Paes completou dizendo que "tem malandro para tudo", se referindo aos possíveis 'fura-filas'.

"Como na vida tem malandro para tudo, infelizmente, é importante que as pessoas fiquem atentas. Os critérios estão claros, mas se as pessoas verem alguma irregularidade, fiscalizem, denunciem. Nossa determinação é vacinar os profissionais de saúde. Infelizmente, a gente sabe que sempre tem algum delinquente", disse o prefeito.
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 Prefeito Eduardo Paes participa da divulgação do terceiro Boletim Epidemiológico da Covid-19,no Centro de Operações Rio, na Cidade Nova. Na foto, Dir. Daniel Sorans, Secretário de Saúde do Município do Rio. - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Prefeito Eduardo Paes participa da divulgação do terceiro Boletim Epidemiológico da Covid-19,no Centro de Operações Rio, na Cidade Nova. Na foto, Dir. Daniel Sorans, Secretário de Saúde do Município do Rio.Estefan Radovicz / Agencia O Dia
As denúncias foram recebidas através da Ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde, que está recebendo casos de possíveis irregularidades. A maioria dos casos relatos é de profissionais da própria área da Saúde. O canal 1746 da Prefeitura também pode receber essas denúncias.
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Sobre o lote de vacinas da Oxford previstas para chegarem da Índia entre esta sexta-feira e o próximo sábado, Soranz não confirmou quantas das 2 milhões de doses serão alocadas no Rio. Segundo o secretário, as doses que ainda existem do primeiro lote da CoronaVac são suficientes para a imunização dos profissionais de saúde que ainda não receberam.

"A gente tem algumas comunicações com o Butantan e a Fiocruz, mas a gente prefere dar os dados só quando a gente tiver concretizado. É importante que a gente não gere dados divergentes. A gente tá trabalhando muito para que se tenha informações adequadas", comentou o secretário.
MPRJ vai fiscalizar vacinação prioritária contra Covid-19
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Por meio da Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Proteção ao Idoso da Capital, foi instaurado o procedimento para acompanhar a vacinação de idosos em abrigos, enquanto que, por meio da Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Pessoa com Deficiência da Capital, foi instaurado outro procedimento, este com o objetivo de monitorar o cumprimento da vacinação prioritária de deficientes.
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As secretarias municipal e estadual de Saúde do Rio terão que fornecer informações, como o cronograma da vacinação e a lista de quem foi contemplado. Esses dados serão comparados aos fornecidos pelas instituições.
O MPRJ ressalta que, até o momento, não existe ampla disponibilidade da vacina no mercado mundial e que o Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19 reconhece que a aplicação deve ser focada na redução da morbidade e mortalidade pela doença, existindo a necessidade de se estabelecer grupos prioritários de vacinação.