Familiares acusam PMs por morte de gari - WhatsApp do DIA (98762-8248)
Familiares acusam PMs por morte de gariWhatsApp do DIA (98762-8248)
Por *Thalita Queiroz
Rio - Rio - Dentro da mochila, um macacão laranja e botas para enfrentar mais um dia de trabalho. Nas mãos, nada de armas ou objetos suspeitos. Mas, mesmo assim, o destino do gari da Comlurb, Marcelo de Almeida da Silva, de 38 anos, foi brutalmente interrompido por estar no lugar errado e na hora errada.

Há oito anos, Marcelo seguia pelo mesmo caminho, neste domingo (31) não foi diferente. Era começo da manhã, quando o gari saiu de casa, na Vila Cruzeiro, na Penha, para seguir em direção à unidade da Companhia de Limpeza, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. Enquanto caminhava pela comunidade para chegar até o seu carro, o pai de família foi surpreendido com um tiro pelas costas.

Sem ter a oportunidade de se identificar, Marcelo foi levado por PMs, convulsionando, até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha. Já sem a mochila, documentos de identidade e a chave do carro, a família não soube de imediato que o trabalhador havia entrado nas estatísticas de vidas perdidas pela violência do Rio de Janeiro. Segundo o irmão da vítima, Arnaldo Almeida, os pertences do gari desapareceram durante o trajeto para a unidade hospitalar.

Marcelo deixa uma mulher, dois filhos e o sonho de seguir os passos do pai foi interrompido. "Lembro de você pequeno eu tendo que tomar conta de você na rua que minha mãe mandava eu sempre te olhar entramos na Comlurb juntos seguimos o caminho do nosso pai e agora te ceifaram a vida em um ato covarde um tiro pelas costas muito triste", lamentou o irmão nas redes sociais.

Para a família do gari, o tiro partiu de policiais que teriam confundido Marcelo com um criminoso. No entanto, a perícia ainda não confirmou de onde teria partido o tiro, já que no momento em que a vítima foi atingida havia um confronto entre a PM e criminosos da região.

Segundo a Polícia Militar, uma equipe da 7ª UPP/16º BPM (Vila Cruzeiro) estava em deslocamento para a base Merendiba, quando foi atacada a tiros por traficantes, gerando confronto. Em seguida, encontraram Marcelo caído no chão, ferido e em convulsão.

Já a Polícia Civil alegou que o caso está em investigação na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), e um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte. Questionada sobre o destino dos policiais envolvidos no confronto, a Corregedoria da Polícia Militar ainda não respondeu.

Em nota, a Comlurb lamentou a morte do gari. "A Comlurb está dando todo o apoio à família, inclusive com a equipe de assistência social da Companhia. A direção presta os mais sinceros sentimentos à família do estimado gari Marcelo, que tinha 38 anos de idade e dez de Comlurb. Marcelo era casado e deixa dois filhos".

O enterro de Marcelo de Almeida será nesta terça-feira, no cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio.
*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes