Descarnaval - Os Bikinis de Ogodô convidam as Sungas de Odara - PH de Noronha/Divulgação
Descarnaval - Os Bikinis de Ogodô convidam as Sungas de OdaraPH de Noronha/Divulgação
Por RICARDO SCHOTT
Rio - Integrante de bateria de blocos, jornalista e fotógrafo, PH de Noronha já tinha se acostumado com a ideia de que, com a pandemia, não haveria Carnaval. "Em agosto de 2020 eu já estava começando a pensar em como seria o mês de fevereiro, com as ruas vazias e todo mundo dentro de casa", recorda ele, que imediatamente começou a pensar num jeito de pelo menos não deixar a data passar em branco. Foi assim que surgiu o Descarnaval, que por enquanto está apenas em seu Facebook (@phnoronha).
O projeto consiste em fotos de integrantes blocos cariocas, todos usando máscaras - e portando estandartes e instrumentos - posando nos locais em que geralmente estariam fazendo seus desfiles. PH já tem imagens do Que Pena Amor (clicado no Buraco do Lume, no Centro), do Fogo e Paixão (no Largo de São Francisco), do Gebav (Aterro do Flamengo, altura do Belmonte) e do Os Bikinis de Ogodô Convidam as Sungas de Odara (Largo do Curvelo, em Santa Teresa). Outros blocos ainda estão na agenda de PH.
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O fotógrafo e jornalista está atualmente na bateria do Larga A Onça Alfredo, e diz estar sentindo muita saudade de tocar. "Mais até do que de fotografar", afirma ele, que vê muita tristeza nos amigos que sentem falta do Carnaval.
"Muita gente vem tentando driblar isso fazendo vídeos, lives, fazendo foto fantasiado. Tentei mostrar com as fotos que não adianta só ficar triste. Mas a abstinência carnavalesca está fortíssima", conta, dizendo que os fotografados se emocionaram. "Quando fiz a imagem do Os Biquínis De Ogodô, eles levaram os instrumentos e umas duas ou três pessoas que estavam passando perguntaram se eles iam tocar. Quando disseram que só iam fazer fotos, as pessoas ficaram frustradas".
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PH tem acompanhado as lives de Carnaval. "Vi a do Céu na Terra, muito boa. Há umas que são muito boas, outras que são mais fracas. Não sei se já há um formato. Mas é uma maneira de dizer: 'Estamos vivos'. Acho importante", diz ele, afirmando também que a maioria dos blocos organizados do Rio está levando a sério o "fique em casa".
"Alguns dos blocos nem toparam fazer as fotos porque não querem sair de casa de jeito nenhum. Outros até falaram que era melhor nem levar os instrumentos para as fotos, porque na hora em que der o primeiro 'bum', ninguém iria se segurar e viraria aglomeração", completa PH, que tem também postado em seu Facebook mosaicos de fotos com os rostos de foliões nos blocos, durante os últimos carnavais. "Está repercutindo bem, as pessoas ficam emocionadas", conta.
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'QUENTINHO NO CORAÇÃO'
Lambabloco
LambablocoDivulgação
Dedicado às coreografias de lamberóbica dos anos 1990, o Lambabloco decidiu participar de uma live de Carnaval que aconteceu no sábado, junto com os blocos Dinossauros Nacionais, Balanço Zona Sul, Bloco Buster e É Tudo ou Nada. O bloco foi fazer a gravação do vídeo da live na NAU (Núcleo de Ativação Urbana), na Gamboa. E aproveitou para fazer uma foto para a divulgação. Foi o primeiro encontro deles em um ano.
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"Foi aquele clima de quentinho no coração, todo mundo com saudade de se encontrar, e foi todo mundo fantasiado. Levamos instrumentos, foi ótimo conseguir tocar. Tinha gente até falando que a fantasia estava com cheiro de guardado", conta Mariana Poppins, uma das fundadoras do bloco, que toca surdo e é responsável pela social media. "Deu aquela nostalgia", completa.
Por acaso, aconteceu algo parecido em Veneza, na Itália, no último domingo. A Praça de São Marcos, que costuma ser ocupada por multidões celebrando o Carnaval local, recebeu um pequeno grupo de foliões, fantasiados e distanciados, que posou para fotos. Todos usavam, além das máscaras de Carnaval, uma proteção contra a covid-19. Como no começo de 2020 a Itália já sofria com a pandemia, é o segundo ano sem Carnaval em Veneza.