Horta emprega 21 pessoas da comunidade - Arquivo Pessoal
Horta emprega 21 pessoas da comunidadeArquivo Pessoal
Por RAI AQUINO
Rio - Com uma produção mensal de duas toneladas de alimentos, a horta comunitária de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, é a maior do tipo na América Latina, ocupando uma área equivalente à de quatro campos de futebol. Instalada em 2013 pela prefeitura após a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na região, o projeto emprega atualmente 21 moradores.
"Em 2013, teve uma seleção feita pela associação de moradores e entrei como encarregado", conta Ezequiel Dias, de 44 anos, que hoje é agente integrador e um dos responsáveis pela horta. "A gente ganha uma bolsa da prefeitura, que é nossa mão na roda, e trabalha todo dia".
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Quando entrou para o projeto, Ezequiel estava desempregado há pelo menos cinco anos. Anteriormente, ele tinha trabalhado por 15 anos na Fiocruz, que fica ao lado da favela. O cria de Manguinhos começou na fundação como auxiliar de serviços gerais, até que virou jardineiro. 
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"Antes de entrar para a horta, eu não sabia o que era um produto sem agrotóxico, natural, vindo da terra. Não achava que isso era capaz", conta, sobre o que encontrou na própria comunidade.
ANTIGA CRACOLÂNDIA
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O espaço onde foi instalada a horta abrigava uma cracolândia, mas hoje produz alimentos como batata-doce, quiabo, couve e hortaliças. Com o trabalho desenvolvido por Ezequiel e os outros 20 trabalhadores, 800 famílias são beneficiadas mensalmente, entre doações e comercialização dos alimentos. 
"O que a gente produz, a gente traz para casa, doa para outros moradores e também vende. Temos um carrinho para expor os produtos e vendê-los a preço simbólico. Também oferecemos nossos alimentos em feiras e até na Ceasa. Tudo o que a gente vende, a gente divide entre a gente, independente da bolsa que a gente ganha", diz Ezequiel.
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Depois que entrou para o projeto, o agente também convenceu a mulher a participar dele. A filha de 10 anos do casal também dá as caras por lá, brincando ao plantar sementes.
"Esse projeto mudou a minha vida. Antes, eu comia qualquer tipo de comida. Hoje, aprendi a me alimentar. Através dessa horta, tenho o meu carrinho. Ela me ajudou de tudo quanto era maneira. Estava entrando em depressão, com pressão alta", relembra.
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O projeto de Manguinhos faz parte do Hortas Cariocas e é desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Além da favela da Zona Norte, ele também está presente em 16 comunidades da cidade, além de 23 escolas municipais.