SES alega inadimplência do governo federal em transferência de pacientes com covid-19 de Manaus para o Rio
O Hospital Federal do Andaraí e o Hospital Federal dos Servidores do Estado não estavam preparados para receber os 34 pacientes
Rio - De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES), a transferência de 34 pacientes com Covid-19, nos dias 3 e 4 de fevereiro, ocorreu de forma inadimplente e sem aviso prévio. Em nota divulgada neste sábado, a pasta informou que "assim que a SES e a Secretaria Municipal de Saúde tomaram conhecimento da chegada desses pacientes, os órgãos formaram uma equipe com técnicos da Vigilância Sanitária, do Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (Cievs) e da Vigilância Epidemiológica do município para a realização de duas vistorias nas unidades federais que receberam as transferências: Hospital Federal do Andaraí e Hospital Federal dos Servidores do Estado".
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No entanto, essas unidades não estavam preparadas para a chegada dos infectados, resultando em uma série de irregularidades e ameaças à saúde dos envolvidos. Segundo a SES, o Hospital do Andaraí ficou ciente das transferências de 17 pacientes oriundos de Manaus no dia 2 de fevereiro, um dia antes da chegada deles. Um
A vistoria no HFA foi realizada no dia 3 de fevereiro e resultou em uma série de irregularidades. "A vistoria identificou que uma ala do HFA foi reativada para receber os pacientes sem tempo hábil para finalizar as adequações, apresentando ainda equipamentos, materiais de obra espalhados pelo chão. O cenário encontrado deixa claro que a unidade não teve o tempo mínimo aceitável para organização dos ambientes e dos processos de trabalho, fundamentais para a segurança de pacientes e trabalhadores da unidade. O relatório da Subsecretaria de Vigilância em Saúde conclui que, no momento da visita, o hospital não apresentava condições satisfatórias, do ponto de vista sanitário de qualidade e segurança para atender os pacientes oriundos de Manaus. A equipe da SES foi informada pelo diretor técnico do HFA que todos os dados sobre a chegada dos pacientes foram comunicados verbalmente, não sendo assim possível a avaliação de documentos de encaminhamento, inclusive os prontuários. Além disso, também foi verificado que, no momento da inspeção, tanto a direção quanto a equipe técnica do hospital não possuíam orientações de modelo de comunicação com as famílias dos pacientes nem dos procedimentos para os casos de alta hospitalar ou óbito", disse a SES em nota.
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Já a vistoria no Hospital Federal dos Servidores do Estado, para onde quatro pacientes de Manaus foram transferidos nos dias 03 e 04, foi realizada somente no dia 07 de fevereiro. "Duas enfermeiras supervisoras do plantão e um representante do núcleo de internação da unidade acompanharam a vistoria e confirmaram que um dos pacientes foi atendido em ambiente não restrito à Covid-19. Este deveria ter ido diretamente para o 11º andar, onde funciona o Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião (IEISS). Porém, durante a chegada à unidade, apresentou dessaturação importante e se observou que a bala de oxigênio do transporte estava quase vazia. O paciente acabou sendo encaminhado por engano e de modo emergencial a uma enfermaria de clínica médica, no 4º andar, que não é dedicada a casos de Covid-19, tendo sido colocado em um leito, com oferta de oxigênio, e posteriormente levado ao CTI do IEISS, onde acabou indo a óbito. A equipe da SES foi informada de que foi realizado exame RT-PCR em todos os pacientes que estavam internados na enfermaria da clínica médica do HFSE, e dois deles apresentaram resultado positivo para Covid-19, sendo transferidos para o IEISS. Até o momento, não há parecer final da investigação epidemiológica de monitoramento quanto à origem do contágio", explicou a SES.
Para a Saúde, as irregularidades foi o resultado da falta de interlocução entre os três órgãos: estadual e municipal. "Diante do exposto, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) esclarece que apoia toda e qualquer ação humanitária, desde que seja realizada de forma planejada e organizada, dentro das normas sanitárias em vigor, com conhecimento das autoridades de saúde estadual e municipal, não compactuando que as transferências ocorram fora do Sistema Estadual de Regulação (regulação unificada). Há implicações técnicas inaceitáveis não apenas para a segurança dos transferidos, inclusive com ocorrência de óbito, como também para todo o pessoal envolvido na operação e para o controle da disseminação de novas cepas virais entre a população fluminense, como a variante do SARS-CoV-2 identificada em Manaus", esclareceu a secretaria.