Ao todo, 147 famílias das 205 desabrigadas conseguiram receber o Auxílio Habitacional e outras 58 seguem sem respostas. "A prefeitura não deu previsão, parece até que resolveu a vida de todo mundo. Eles sabem muito bem quais são as famílias, pois todas estão cadastradas no sistema da secretaria", afirma a representante.
"Cinquenta e oito famílias estão vivendo de favor em um galpão emprestado por uma igreja. Lá, há apenas dois vasos sanitários para cerca de 200 pessoas, entre elas muitas crianças pequenas e alguns idosos. Além disso, elas só têm até semana que vem para ficar no local, e não possuem lugar para onde ir. É preciso garantir o aluguel social imediato como solução temporária, sem deixar de providenciar moradia digna definitiva para as mais de 200 famílias que perderam tudo no incêndio", relatou Guilherme na ocasião.
Após a mediação entre os moradores e a Ouvidoria, foi realizada uma nova reunião na terça-feira (11), desta vez com o Núcleo de Terras e Habitação (NUTH). No momento, a Defensoria aguarda resposta de uma solicitação enviada à Prefeitura para entender porque essas 58 famílias não receberam o AHT e que providências podem ser tomadas para garantir que essas pessoas tenham o direito à moradia garantido.
Em uma tentativa de ajudar essas dezenas de famílias, Rosangela está adaptando um centro social no bairro de Sepetiba, Zona Oeste do Rio. "O objetivo é abrigar essas pessoas, mas o local só tem espaço para no máximo 20 famílias. Tem uma família com seis filhos, por exemplo, como que uma outra família, que já não tem condição, vai conseguir abrigar esse tanto de gente em uma mesma casa? Sem falar que eles todos estão muito desestabilizados, tem crianças que não podem mais ver fogo pois estão traumatizadas", relata a voluntária.
Além de perderem o galpão, as famílias também perderam o ponto de recebimento das doações. "Tudo o que eles tinham era de doação, alimentos, roupas, colchões… não temos mais nada disso já que não há um local para recebermos esses materiais", desabafa Rosangela.
A Secretaria Municipal de Assistência Social não recebeu comunicação oficial sobre o despejo do galpão onde os desalojados escolheram ficar, depois do incêndio na ocupação “Unidos, venceremos”, ou pedido de realojamento. Ainda na noite do incêndio, de 14 para 15 de janeiro, eles foram levados temporariamente para o Centro Esportivo Miécimo da Silva, onde foi iniciado o trabalho de acolhimento e cadastramento dessas famílias. Elas não aceitaram ir para equipamentos do município, conforme oferta da Prefeitura, informaram que se hospedariam em casas de parentes até começar a receber o aluguel social e deixaram o abrigo temporário na própria sexta-feira, 15.