Secretário de Estado de Saúde, Carlos Alberto Chaves - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Secretário de Estado de Saúde, Carlos Alberto ChavesReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por O Dia
Rio - Após a denúncia de desvio de doses da vacina contra a covid-19 na Organização Social Instituto Sócrates Guanaes, o Secretário Estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, revelou na manhã desta quinta-feira, que 'tem muita coisa pior' que esses casos de fura-fila na OS.
"Não estou aqui porque eu quero. Estou aqui porque estava havendo corrupção e me chamaram em casa. Então esse tipo de coisa eu não admito, não vou admitir e hoje tomarei providências. E tem muita coisa pior, hein? Não tem só diretores, não. Tem gente grande, até de empresas, foram fazer vacina lá (sic). Só que isso é com a parte de polícia, eu não sou polícia", disse o secretário ao Bom Dia Rio, da TV Globo.
Publicidade
"Aprendi muito com o Ministério Público. Eu pego as informações e passo para os órgãos de controle e os órgãos policiais. Tem muito mais coisa — não é só OS, não. Se fosse só OS... Tem outras coisas, também. Tem pessoal de banco. Tem muitas coisas aí. A imprensa vai saber, a mídia vai saber", acrescentou Chaves.
Publicidade
Entenda o caso da OS
Na segunda-feira, a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DCC-LD), cumpriu mandados de busca e apreensão contra suspeitos de furar a fila da vacina da Covid-19 no Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL), unidade de saúde gerida pela Organização Social (OS) Instituto Sócrates Guanaes (ISG). Segundo denúncias do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren/RJ), dois enteados, de 16 e 20 anos, de um diretor da OS haviam tomado a vacina sem ser do grupo prioritário.  
Publicidade
"Na casa dos jovens foi apreendido o cartão de vacinação que demonstra que eles tomaram a primeira dose", disse delegado Thales Nogueira.
Na última semana, foram realizadas diligências no local e foram encontradas diversas rasuras e vulnerabilidades na lista de vacinados, inclusive o nome do enteado do diretor de 16 anos como "acadêmico de medicina".
Publicidade
Ao O DIA, os agentes da DCC-LD constataram que houve falsidade ideológica. Segundo Thales Nogueira, que comanda as investigações, o jovem tem 16 anos e ainda cursa o pré-vestibular, e não poderia ser classificado como acadêmico de Medicina em atuação na unidade de saúde: o pretexto para ter recebido a vacina, conforme consta em prontuário apreendido pelos policiais.
Em relação à irmã de 20 anos do adolescente, que também foi vacinada, o delegado explicou que ela ingressou na faculdade de Medicina no ano passado e os agentes ainda apuram se ela tem algum tipo de atuação profissional efetiva no hospital.
Publicidade
"O foco da investigação neste momento é avaliar se houve mais casos de falsos acadêmicos sendo vacinados na unidade de saúde. O caso do jovem de 16 anos é o único constatado até o momento. Vamos apurar agora se houve dolo (intenção de cometer o crime) por parte dele e dos seus responsáveis", falou o delegado.
De acordo com o delegado, o adolescente responde pelo crime de infração de medida sanitária, que prevê pena de um ano de detenção. Ele e a irmã são filhos da diretora de desospitalização do Hospital Estadual Azevedo Lima, e enteados do diretor técnico da unidade. Os responsáveis, segundo o delegado, podem responder pelos crimes de infração de medida sanitária, falsidade ideológica (reclusão de até cinco anos) e peculato, que prevê pena de 12 anos de detenção.
Publicidade
Em nota enviada nesta segunda-feira a O DIA, a Organização Social (OS) Instituto Sócrates Guanaes (ISG) informou que foi "surpreendida pelas denúncias relativas à iniciativa isolada de um dos diretores desta unidade (Hospital Estadual Azevedo Lima)".
"O diretor envolvido no caso já foi afastado para ampla investigação interna da denúncia nos termos do Código de Conduta Ética e Política de conformidade do ISG. A entidade não compactua e não admite nenhum desvio de conduta. Todas as medidas serão tomadas para apuração dos fatos e punição dos envolvidos”, dizia a nota.
Publicidade
Já a Secretaria de Estado de Saúde (SES) disse que o diretor técnico e a coordenadora de desospitalização do Hospital Estadual Azevedo Lima foram afastados de suas atividades para ampla investigação interna da denúncia. E reforçou que preza pela transparência e correção nas ações de saúde pública, e que todas as irregularidades apuradas serão encaminhadas à Polícia Civil e aos órgãos de controle.