Aglomerações para subir nos ônibus, por causa da falta do BRT
Aglomerações para subir nos ônibus, por causa da falta do BRTLuciano Belford/Agencia O Dia
Por *Tatiane Gomes
Rio - O anuncio do fechamento das praias no Rio, feito nesta sexta-feira (19) pelo prefeito Eduardo Paes, tem dividido especialistas. Apesar de buscar endurecer as medidas nos últimos dias para frear o avanço da covid-19, Paes se mostrou a firme em não fechar escolas do município, mas admite que considera um possível 'lockdown'.
De acordo com Renato Kfouri, especialista em infectologia, a situação do Rio é indefinida, e não há como saber se a evolução da doença irá progredir ou regredir no município, já que depende inteiramente da implementação das medidas de acordo com a gravidade do cenário. "As medidas vão evoluindo com mais restrições ou menos restrições, de acordo com os dados e com esse olhar sempre de antecipação. Então se os indicadores não estão bons, estão mostrando subida e você tem seus leitos ocupados, tem que tomar medidas mais duras. Se daqui a duas semanas continua no mesmo cenário, não baixou a transmissão, os leitos continuam ocupados, passamos para as medidas mais severas", explicou.
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Segundo Kfouri, as medidas são feitas em função em um 'trípe' entre o número de casos, velocidade de subida do gráfico da doença e ocupação de leitos. "Isso tem que ser visto com uma antecipação, e então vislumbrar o que vai acontecer daqui há uma ou duas semanas. Porque as medidas que você toma hoje para reduzir a mobilidade da população e consequentemente o contágio só vão ter impacto daqui a duas semanas. Então não adianta você deixar para quando o sistema já está colapsado e 'agora eu vou fazer alguma coisa', tem que antever pelo menos duas semanas para que essas medida surtam efeito, porque demora um tempo para que elas apareçam", explicou o especialista.
Já a médica Tânia Vergara, da Sociedade Brasileira de Infectologia, acredita que as novas medidas são suficientes para que a população entenda a gravidade da situação. "Todas as medidas são importantes, a melhor seria a vacina, mas ela agora sozinha também não resolve. Todas as medidas são importantes, como afastamento social, por isso que não pode o churrasquinho no fim de semana. Se você for pensar, a praia é um lugar aberto, se as pessoas fossem e não aglomerassem, estivessem no mínimo dois metros de distância, não haveria problema. Mas chega no fim de semana e as pessoas ficam grudadinhas, a cinco centímetros da pessoa do lado. Aí fica difícil", explicou Tânia.
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A médica também ressaltou a importância da fiscalização da própria Prefeitura do Rio das novas medidas implementadas. "Eu acredito que se você coloca uma medida que não tem como fiscalizar, ela não serve de nada. Se você coloca uma medida, você tem que pensar em como você vai fiscaliza, como será a punição de quem transgredir a medida", opinou.
A questão das escolas
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Em relação a decisão de Eduardo Paes a de abrir primeiramente as escolas e fechá-las por último, Kfouri argumentou que a decisão é unânime entre a comunidade científica.
"Hoje em dia há um consenso entre os pediatras e a comunidade científica pelo fato das crianças transmitirem pouco, então elas devem ser as últimas. Nesse cenário, as escolas devem ser as últimas a fechar, quando você falar em fechar tudo vai falar de fechar escola também", esclareceu o infectologista.
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes