Rua Senhor dos Passos, na Saara, no Centro do Rio
Rua Senhor dos Passos, na Saara, no Centro do RioReginaldo Pimenta/ Agência O DIA
Por Yuri Eiras*
Rio - O primeiro dia de parada emergencial no Rio e em Niterói foi o extremo oposto do que pediria uma sexta-feira de sol. As praias ficaram vazias, assim como os bares, restaurantes e centros de comércio popular, incluindo a SAARA, quase um sinônimo de aglomeração. Apesar de parte dos comerciantes discordarem do decreto da prefeitura, com o argumento de que as contas vão apertar, a grande maioria respeitou a ordem de não abrir. Até o próximo domingo, só poderão funcionar atividades essenciais. A partir de agora, dependerá também do carioca a melhora do cenário caótico da ocupação de leitos no Rio, que já bate os 90%.
Desde as primeiras horas da manhã, fiscais da prefeitura e do Departamento de de Transportes Rodoviários (Detro) criaram barreiras em vias estratégicas, como a Avenida Brasil e a Linha Amarela, para evitar que ônibus de turismo e linhas não convencionais de vans de outros municípios entrassem no Rio. Até o início da tarde, foram barrados 16 veículos. No Centro, comerciantes abaixaram as portas, mantendo só o essencial, como farmácias e lojas de material de construção. Amin Ismail Brahim, 49, lojista na SAARA, foi um deles.
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"Nosso comércio está sofrendo desde o ano passado, uma situação muito, muito desagradável. Mas acredito que governo e prefeitura estão trabalhando para melhorar. O mais importante é ter um pouco de paciência e ciência do que está acontecendo. Estamos fazendo de tudo para segurar os empregos", disse Amin.
Alex do Espírito Santo não deixou de vender suas cangas na Praia de Copacabana, mesmo com a proibição de permanência na areia. "Estamos passando muitas dificuldades. Entendo que tem a pandemia, a gente tem que se prevenir. Mas como vamos nos prevenir sem dinheiro, sem trabalhar? Tem gente aí na praia e eu preciso vender minhas cangas", argumentou o camelô.
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Nesta semana, a prefeitura lançou dois programas de auxílio emergencial para vendedores ambulantes e comerciantes que precisarão deixar de trabalhar pelos próximos dias. O site prefeitura.rio tem informações sobre como conseguir o auxílio.
Protesto em Copacabana critica fechamento do comércio
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Na mesma Copacabana, na Avenida Atlântica, dezenas de pessoas realizaram um protesto na manhã de sexta-feira contra o fechamento do comércio. Manifestantes com bandeiras do Brasil e vestindo roupas verde-amarelo, algumas com o rosto do presidente Jair Bolsonaro estampado, gritavam palavras de ordem como "Queremos trabalhar!". Cartazes criticaram o prefeito Eduardo Paes, como 'Dudu, você é covarde'.
Em Niterói, exercícios em horários restritos
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Em Niterói, população abraçou a parada emergencial. Pela manhã, moradores praticavam atividades físicas individuais na orla da Praia de Icaraí antes das 10h, sob fiscalização da Guarda Municipal. A prefeitura local liberou a prática ao ar livre até 10h e após às 18h. A reportagem do DIA flagrou apenas um descumprimento à regra: um homem foi repreendido por agentes por permanecer na areia da praia, que estava completamente vazia. Ele tentou desviar o caminho ao ver a Guarda Municipal, mas foi chamado. Nesta sexta, a Câmara de Niterói aprovou academias como atividade essencial.
Caxias: alvo de polêmicas, município em 'dia normal'
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Alvo de críticas dos que apoiam medidas duras para combater a pandemia, Duque de Caxias tem uma sexta-feira de vida normal. Sob um calor que ainda parece o do verão, o centro da cidade teve grande movimentação no comércio, com muitos moradores sem máscara. 
Nesta sexta-feira, a Prefeitura de Caxias publicou decreto suspendendo visitação a piscinas, rios, cachoeiras e clubes, além de determinar que 50% dos veículos de transporte coletivo sejam higienizados diariamente. A administração municipal proibiu também visitas externas a pacientes diagnosticados com o novo coronavírus 2019-nCoV, internados na rede pública municipal de saúde.
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* Reportagem com fotos de Estefan Radovicz, Reginaldo Pimenta e Luciano Belford