Operação 'Raposa no Galinheiro' prendeu delegado suspeito de produzir material pirata. Produtos estavam em uma galeria na Rua Santo Afonso, na Tijuca, zona norte do Rio.
Operação 'Raposa no Galinheiro' prendeu delegado suspeito de produzir material pirata. Produtos estavam em uma galeria na Rua Santo Afonso, na Tijuca, zona norte do Rio.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Thuany Dossares e Yuri Eiras
Rio - A venda de produtos falsificados se tornou uma das táticas de milicianos do Rio de Janeiro para conseguir aumentar seus lucros, segundo a Polícia Civil. Com uma incontável diversidade de mercadorias, os paramilitares conseguem, com facilidade, atrair uma grande quantidade de consumidores em potencial. Prova disso, é um levantamento do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ), que revelou que 78% da população fluminense - quase oito em cada dez pessoas - admite já ter comprado algum produto pirata na vida. 
Para tentar combater esse braço financeiro das organizações criminosas, a Polícia Civil criou uma força-tarefa, em outubro de 2020. Uma das delegacias que integram este trabalho é a de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), que tem como uma de suas atribuições a repressão à pirataria. 
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De março de 2018 até agora, a especializada já realizou a apreensão de 16,9 milhões de produtos (16.904.635). Em média, são quase 470 mil mercadorias falsificadas apreendidas, por mês, segundo levantamento da DRCPIM. O número é bem maior do que o dos anos anteriores, quando foram apreendidos 1,4 milhões (1.439.547) entre agosto de 2014 e novembro de 2016, e 219 mil (219.428) entre dezembro de 2016 e fevereiro de 2018.
Segundo a Polícia Civil, o crescimento desse comércio pirata pode estar relacionado à entrada dos grupos de milícia neste ramo, que se tornou uma das atividades mais lucrativas da organização criminosa.
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"Em quase quatro anos à frente da DRCPIM, foi visível o avanço de grupos milicianos na tentativa de tomar o atacado do comércio de produtos falsificados no Rio de Janeiro", explica o delegado Maurício Demétrio, titular da especializada.
Há pouco mais de duas semanas, a operação 'Raposa no Galinheiro' teve como alvo o delegado Marcelo Machado, adjunto da 38ª DP (Vista Alegre). Ele foi preso por suspeita de comandar uma confecção de produtos piratas.
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Na ocasião, Demétrio classificou como "assustadora" a presença de um colega num esquema de pirataria. Mais ainda pela audácia: investigações apontam que, enquanto o Machado esteve na Corregedoria da Polícia Civil, ele mesmo montou uma empresa de confecção de roupas piratas. Na época, o delegado investigava justamente a Delegacia de Combate à Pirataria. 
Oito em cada dez fluminenses já compraram produto pirata, segundo Fecomércio 
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Um levantamento do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ) revela que quase 80% da população fluminense admite já ter comprado algum produto pirata na vida (77,9%). Porém, esse consumo apresentou uma expressiva queda em 2020 diante das restrições impostas pela pandemia. O percentual de entrevistados que afirmaram ter comprado algum produto falso nos últimos 12 meses caiu pela metade na comparação com o ano anterior: 9,2% ante 19.6%.

Segundo o levantamento, realizado entre 25 e 27 de novembro, as medidas adotadas para a contenção da pandemia impactaram diretamente o comportamento dos consumidores. Com a restrição da circulação de pessoas, o fechamento das fronteiras do país e o funcionamento parcial do comércio, a facilidade para encontrar itens ilegais caiu significativamente. Enquanto em 2019 37% dos entrevistados dizia que comprava os produtos ilegais porque eles eram fáceis de encontrar, em 2020, esse percentual despencou para 6,5%. Já em 2019, a pesquisa mostrava que o comércio de rua havia sido a principal forma de aquisição dos produtos piratas.
Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade, considera o dado ainda preocupante. “A queda está muito relacionada a um fator atípico e pontual, que foi a pandemia. É importante que sejam tomadas medidas que diminuam a demanda e a oferta do produto ilegal, tornando-o menos atrativo para o consumidor, além de uma real conscientização e uma mudança efetiva de comportamento da sociedade que aceita o produto ilegal, seja ele pirata, falsificado ou contrabandeado”, aponta.