Mesmo mostrando a carteira profissional ativa, profissionais não puderam se imunizar
Mesmo mostrando a carteira profissional ativa, profissionais não puderam se imunizarDivulgação/Nova Iguaçu
Por O Dia
Rio - Profissionais de saúde de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que não atuam na linha de frente do combate à covid-19 e não moram no município, têm sido impedidos de tomar a vacina contra a doença. De acordo com o Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Rio (Saserj), os funcionários que não apresentam comprovante de residência nos pontos de vacinação, não podem ser imunizados.
O primeiro caso aconteceu há cerca de duas semanas, quando um servidor que preferiu não se identificar, precisou apresentar o documento no momento da vacinação. Ele conta que entregou a carteira profissional ativa, mas uma funcionária do local impediu a imunização por ele não residir em Nova Iguaçu.
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"Eu trabalho no município há anos. Eu já atendi mais famílias daqui do que do município onde eu moro e não tenho direito à vacina? Eu posso me contaminar e contaminar as pessoas. Usei todos os meus argumentos, mas a funcionária foi irredutível", afirmou o servidor.
Nas redes sociais, outros profissionais de saúde também relataram o impedimento. "Nós da Assistência Social estamos na mesma condição de invisibilidade pelo poder público que os nossos assistidos. Sigamos aguardando e pedindo ajuda a Deus que nos proteja!", disse outra profissional. De acordo com a diretoria do Saserj, nenhum profissional não munícipe foi vacinado legalmente.
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Segundo o Sindicato, alguns conseguiram tomar a dose depois de terem sido orientados pela Secretaria Municipal de Assistência Social a procurar o Espaço Municipal da Terceira Idade (Esmuti). Mas, eles não poderiam divulgar que a vacinação está sendo realizada.
"Tem essa informação para ir lá no Esmuti, mas ficar quieto, não comentar, não tirar foto e não replicar para ninguém que não for do município, porque lá eles conseguem vacinar com mais facilidade do que nos postos", diz outro servidor em um áudio. A diretoria do Saserj também revelou que outros profissionais têm utilizado comprovantes de residência falsos para tomar a vacina.
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"Não é correto, a gente defende a vacinação coletiva. A gente quer que seja transparente", declarou a diretoria. No dia 23 de março, o Sindicato enviou um ofício à secretária de assistência social do município, Elaine Medeiros, mas não teve retorno. Nesta segunda-feira (29), o Sindicato voltou a procurar a titular da pasta, mas ainda não teve respostas. Segundo o Sindicato e os profissionais, não há justificativa para a não vacinação, principalmente porque a maioria dos servidores mora na cidade do Rio.
"Nova Iguaçu é o único município que está fazendo isso. Todos os outros estão vacinando os profissionais que atuam na cidade, não cabe a exigência de residir. Somente Nova Iguaçu está com exigência absurda e não divulgam de onde está vindo essa ordem", explicou.
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No calendário divulgado pela prefeitura de Nova Iguaçu, há a exigência da apresentação do comprovante de residência, da carteira ativa do Conselho profissional, além de identidade, CPF e cartão do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em nota, a prefeitura esclareceu que "todos os profissionais da saúde que atuam na linha de frente no combate ao novo coronavírus em Nova Iguaçu, independentemente de onde moram, foram vacinados, como determina o Ministério da Saúde em seu Plano Nacional de Imunização, em suas respectivas unidades de trabalho."
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A nota ainda diz que "estão incluídos nesta lista os 54 profissionais da assistência social, sendo 50 na rede pública e quatro na rede particular, pois são considerados profissionais da saúde." A prefeitura explicou ainda que os assistentes sociais que trabalham em outras áreas não ligadas à saúde terão que aguardar o calendário de vacinação de sua respectiva idade e na cidade onde residem.
"Como as doses da vacina recebidas do Ministério da Saúde são restritas e se baseiam em dados populacionais do município, é preciso ter um controle rigoroso em suas aplicações, por isso a exigência de comprovante de residência. Essa medida, que tem a concordância do Ministério Público, impede que moradores de outras cidades sejam vacinados em Nova Iguaçu para que não ocorra um descontrole do estoque e falte vacina para quem é do município", conclui a nota.