Foto da carteira de trabalho do vigilante Denis Francisco
Foto da carteira de trabalho do vigilante Denis FranciscoDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por Aline Cavalcante
Rio - Familiares do vigilante Denis Francisco Lima Paes morto no tiroteio que aconteceu no Morro dos Prazeres, na noite de segunda-feira (26) estiveram no IML para liberar o corpo.
Ele foi ferido na perna e chegou a ser levado com vida para o hospital, mas não resistiu. Denis estava voltando para casa quando foi atingido. Ele deixou esposa e cinco filhos.
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"Eu quero dizer que isso foi covardia. Meu marido foi assassinado porque passou na hora errada. Ele era tudo, não sei como vai ser agora. Eu moro de aluguel, ele que pagava, ele fazia tudo, não sei o que vai ser", disse a esposa Carla Rodrigues da Silva.
Ela conta que ele saiu da comunidade consciente. "Ele parecia bem, falou comigo dentro da ambulância, estava lúcido, mas no dia seguinte de manhã quando cheguei no hospital a médica disse que ele não resistiu".
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Na madrugada de terça-feira, Carla encontrou a carteira de trabalho do marido no chão com sangue.
"Eu fui no local onde ele foi atingido e achei a carteira de trabalho dele caída, cheia de sangue".
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Carla acusou a polícia pela morte de Denis. "Os policiais estavam escondidos numa casa em cima. Eles atiraram por uma janela fechada, estilhaçaram o vidro todo. E atiraram em quem tava passando e meu marido tava chegando. Foi muito tiro, muito tiro. Meu marido era trabalhador, não é justo. Se fizerem balística ou outro exame vai ser comprovado. Isso tem acontecido sempre".
O enterro do vigilante deve acontecer nesta quinta-feira, no cemitério São João Batista, em Botafogo, mas o horário ainda não foi definido.
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Denúncias contra a PM
A rotina de quem mora no Morro dos Prazeres tem sido de medo e terror. "Tem dois meses que lá na comunidade a gente não tem paz, ninguém sai na rua porque tem medo de tiro. Os policiais aparecem do nada e xingam moradores, outro dia xingaram minha filha de 14 anos porque ela estava no portão. Está um inferno. Moro na comunidade porque preciso, sou pobre. Se tivesse condições não moraria", relata Carla.
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Outra moradora, que não quis se identificar, contou que vive com medo. "Tem sido difícil. Outro dia um policial tentou arrombar meu portão para entrar na minha casa. Eu ia sair com a minha filha e voltei correndo pra dentro de casa. Isso tem acontecido direto com os moradores. Eles se escondem na casa dos moradores".
Confrontos em diversas comunidades
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Seis pessoas morreram no Morro do Juramento, duas nos Prazeres e uma na Providência. Foram registrados ainda tiroteios no Complexo do Lins e no Morro da Mangueira, também dominados pelo CV. Oficialmente, a Polícia Militar diz que não houve operação em nenhum dos locais, e que equipes policiais foram atacadas a tiros. A corporação informou que abriu sindicância para apurar as mortes.
No período de 12 horas, da noite de segunda-feira a manhã de terça (27), 18 pessoas foram baleadas. Além do vigilante Denis Francisco Lima Paes, o marceneiro, Gemerson Patrício de Souza também morreu.