Todos os votos foram favoráveis à condenação, proferidos pelos desembargadores Maldonado de Carvalho, Fernando Foch, Teresa Castro Neves, Inês da Trindade Chaves de Mello e Maria da Glória Bandeira de Mello, e pelos deputados Chico Machado, Carlos Macedo, Alexandre Freitas e pela deputada Dani Monteiro. Todos seguiram o voto do relator do processo, deputado Waldeck Carneiro.
Os dois pontos principais da denúncia se referem à requalificação da OS Unir por decisão de Witzel, em 23 de março de 2020, após a organização social ter sido impedida de contratar com a administração pública e ter tido contratos rescindidos para a gestão de unidades de saúde no Rio, por irregularidades no contratos, em setembro de 2019.
Outro aspecto da denúncia se refere à contratação da OS Iabas por mais de R$ 800 milhões para construir e administrar os hospitais de campanha do Rio, sem que empresa tivesse condições de realizar o serviço. A denúncia aponta que as organizações sociais Unir Saúde e Iabas pertencem ao empresário Mário Peixoto.
"Sobre a contratação da Iabas, que chegou a receber dos estado mais de R$ 300 milhões, percebe-se total descaso, desapego e e sordidez à coisa pública", disse o desembargador.
Segundo o desembargador Fernando Foch, Witzel "deixou-se envolver em uma quadrilha que tomou de assalto a administração pública de forma espúria".
"Restou-se comprovado no processo que setores da administração pública foram loteados pelos empresários Mário Peixoto e o político Pastor Everaldo para o direcionamento de contratos superfaturados, caracterizando malversação dinheiro público", destacou Foch em seu voto pelo impeachment.
O deputado Alexandre Freitas chamou atenção para o trecho narrado na denuncia dos deputados Luiz Paulo e Lucinha, que a OS Iabas seria de propriedade, de fato, do empresário Mário Peixoto. E que, ficou comprovado, em quebra de sigilo bancário, depósitos feitos por outras empresas pertencentes a Mário Peixoto ao escritório de advocacia de Helena Witzel, esposa de Witzel, sem qualquer serviço fosse prestado.
A tese do MPF para supor que Mário Peixoto seria o dono da Unir Saúde é frontalmente desmentido com os fatos apurados na Operação Filhote de Cuco, do Gaecc do MPRJ.
Nesta operação, as OSs Unir e IDR foram investigadas por quatro anos e a investigação concluiu quem eram os sócios ocultos e ostensivos dessas empresas, quem eram os operadores , as empresas envolvidas e beneficiadas e como ocorriam os desvios.
Apurou o envolvimento de 18 pessoas e 25 empresas, concluiu com a prisão preventiva de cinco pessoas e não houve qualquer denúncia do envolvimento de Mário Peixoto.
Mário Peixoto, no âmbito da Operação Favorito, teve seus sigilos quebrados por 13 anos e foi alvo de escutas autorizadas por oito meses e nada se comprovou do suposto vínculo com a Unir.
Fica bem claro que não existia interesse de Mário Peixoto pela requalificação da Unir, pois em nada seria beneficiado. As pessoas que tinham interesse estão citadas na Operação Filhote de Cuco.
Mário Peixoto não responde a nenhum processo por desvios na Saúde no Rio de Janeiro, na gestão Witzel. A ação penal 977, que corre no STJ, que trata de desvios da Saúde no governo Witzel, não inclui Mário Peixoto.
Os próprios delatores Edmar Santos e Édson Torres, assumidamente envolvidos nas fraudes de desvios na Saúde, já afirmaram em depoimentos que Mário Peixoto nada tem a ver com esses desvios.
A ação que Mário Peixoto responde no STJ trata de pagamentos de honorários a Helena Witzel e a acusação da ação que responde da Operação Favorito, na 7 vara federal, é de lavagem de dinheiro relativa aos anos de 2012, 2013 e 2014. O próprio MPF, portanto, não o acusa de fraudes a licitações ou superfaturamento.
Mário Peixoto não tem absolutamente nada a ver com os desvios na Saúde no governo do Estado do Rio de Janeiro. O próprio MPF, a PGR e o MPERJ ( Operação Filhote de Cuco) já identificaram todos os envolvidos em tais desvios e os mesmos não acusam Mário Peixoto desses crimes."