A morte do ator provocou comoção nacional entre a noite de terça e quarta. A Prefeitura de Niterói, cidade em que passou sua vida inteira, decretou luto oficial de três dias e Paulo pode receber uma rua com o seu nome em uma homenagem póstuma do município. Ele era muito próximo de sua mãe, Déa Lúcia, e chegou a realizar uma peça musical que falava sobre os dois, intitulada “O filho da mãe”. Com seu jeito espontâneo e irreverente, dona Déa também foi representada pelo artista nos filmes "Minha mãe é uma peça", como a personagem Dona Hermínia. "Minha mãe é uma peça 3" foi exibido na TV Globo, na noite de quinta-feira (6), em homenagem a Paulo Gustavo.
“É tão difícil”, desabafa Édina antes de começar a falar sobre a tragédia. “É um caso que dói muito, porque veio de repente e assustou todos nós. Eu tenho um pensamento que não cai uma folha sem a permissão de Deus, e tudo que está nas mãos dele vai ser como ele quer. Nossos filhos, parentes que estamos perdendo pertencem a ele”, comenta, referindo-se à morte do ator.
Édina deixa uma mensagem de carinho para dona Déa e também as mães que perderam seus filhos para a covid-19. “Eu deixo um abraço, uma palavra de calma a todas as mães, que tenham fé. Há coisas que são irreversíveis, mas precisamos seguir caminhando e amando. Todas as mães que sofrem pelos seus filhos”, afirma.
O filho de Édina, Washington Correa Faria, era pastor e começou a sentir os sintomas antes do Natal de 2020. Poucos tempo depois, ele foi levado ao hospital em situação grave, e em seguida constataram um quadro de morte cerebral por conta de complicações influenciadas pela covid-19. Ele foi sepultado no dia 31 de dezembro.
Outra mãe que compartilha uma mensagem de carinho para dona Déa e todas que sofrem pela perda de um filho para a covid-19 é Heidy Almeida, de 30 anos. Ela estava grávida e perdeu o seu marido e o bebê por causa da doença.
“Infelizmente essa doença veio para mostrar realmente que nós somos um sopro. Aqui é tudo muito breve, e se não nos amarmos todos os dias como se fosse a última vez, a vida não tem significado. Tudo isso serve para mostrarmos que realmente precisamos amar cada dia o máximo que puder, demonstrar e falar, pois nunca sabemos o momento em que temos alguém e de repente não estamos mais”, lamenta.
“Essa doença levou minha família. Se não fosse por causa da covid-19 eu não teria que ter um parto tão cedo. Agora eu estou me recuperando da dor. Eu peço para as pessoas se conscientizarem de que não é uma brincadeira, eu não tenho nenhum tipo de comorbidade, sempre tive uma vida ativa, peguei essa doença e quase não voltei."
“Se conscientizem e cuidem de suas famílias. Essa doença é muito complicada, você só precisa de um segundo, algo que você tenha pegado, ou quando nos protegemos e outra pessoa não faz o mesmo, então nos contaminamos de qualquer forma. Todos precisam colaborar. É muito difícil”, diz ela.
Foi citado em um contexto equivocado que o ator Paulo Gustavo teria problemas de asma, portanto, que isso poderia ter sido um fator que influenciou diretamente na morte do ator. Contudo, a atriz Tatá Werneck, uma das melhores amigas dele, explicou em suas redes sociais que o ator teve o problema há 10 anos, mas que ele não sofria mais com a doença.
De acordo com os dados do 17° Boletim Epidemiológico de covid-19 da Prefeitura do Rio, oferecidos pela Secretaria Municipal de Saúde, a asma é a sétima comorbidade que mais influenciou para o aumento do número de pessoas hospitalizadas pela doença no município. Problemas cardíacos, hipertensão e diabetes são as três enfermidades que mais atingem os contaminados pelo vírus.
Ainda segundo estudo feito pela Associação Médica Brasileira (AMB), em conjunto com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, as três entidades concluíram que não existem evidências concretas de que a asma pode provocar um risco maior de infecção pela covid-19. No entanto, casos graves da doença podem influenciar em um agravo pela contaminação pelo vírus.
“Sobre a morte do Paulo Gustavo, levantam-se muito as questões sobre as comorbidades, e se seria asma uma comorbidade, a ponto de causar o nível de agravamento que ele teve. Na verdade, todas as doenças pulmonares podem prejudicar. Elas são um potencializador visto que a covid-19 atua muito no pulmão. Sabemos que o caminhar progressivo da doença atinge também os rins, o coração e o sistema nervoso central, mas a base da doença é pulmonar”, afirmou.
Comparando os dados dos meses de março e abril de 2020, quando houve a primeira onda da covid-19, e o mesmo período deste ano, através de relatórios oferecidos pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio, foi possível verificar um aumento expressivo no número de contaminações pela covid-19 seguido por uma maior taxa de morte entre adultos.
Confira abaixo as contagens comparadas por faixa-etária indicando a contaminação e o número de mortes pela doença durante o período de março e abril de 2020 e 2021:
Adultos entre 20-29 anos:
(Março e abril) 2020 - 5711 casos
90 óbitos
(Março e abril) 2021 - 16954 casos
99 óbitos
Adultos entre 30 e 39 anos:
(Março e abril) 2020 - 12663 casos
263 óbitos
(Março e abril) 2021 - 22860 casos
325 óbitos
Adultos entre 40 e 49 anos:
619 óbitos
(Março e abril) 2021 - 23947 casos
781 óbitos
Adultos entre 50 e 59 anos:
(Março e abril) 2020 - 9212 casos
1003 óbitos
(Março e abril) 2021 - 21114 casos
1361 óbitos