Força Tarefa da Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão contra pessoas ligadas à milícia da Muzema
Força Tarefa da Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão contra pessoas ligadas à milícia da MuzemaDaniel Castelo Branco
Por Anderson Justino
Rio - A Polícia Civil realizou na manhã nesta segunda-feira (10) a operação Caixa de Areia, contra um grupo de milicianos acusado de explorar construção, venda e aluguel de imóveis irregulares na Muzema, na Zona Oeste do Rio. Os agentes cumpriram oito mandados de busca e apreensão em diferente pontos da cidade. Foram apreendidos mais de 40 celulares e dois carros de luxo, avaliados em quase R$ 500 mil. 
Após meses de investigações, a Força-Tarefa da Polícia Civil, por meio Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD), pediu à Justiça o bloqueio de contas bancárias de pessoas que atuavam na exploração de imóveis na região da Muzema e de empresas utilizadas para lavagem de dinheiro. O pedido foi acatado e justiça determinou o bloqueio de quase R$ 12,5 milhões.
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De acordo com o delegado Leonardo, titular da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (Dcoc), a fase da operação foi importante para desestabilizar os braços financeiros da quadrilha. 
"Além desses bloqueios, conseguimos identificar peças importantes para seguir nas investigações. A Força-Tarefa contra a milícia tem atuando de forma constante", enfatizou o delegado, explicando que o inquérito segue em sigilo. 
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Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada e a investigação apura a lavagem de dinheiro de pessoas que atuavam como “empresários” do ramo imobiliário ilegal na região da Muzema. Foi constatado ao longo de seis meses de investigação que os suspeitos movimentaram recursos incompatíveis com a capacidade financeira declarada, com ingresso de grande quantidade de dinheiro vivo em contas bancárias, bem como o uso de empresas de fachada.
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TRAGÉDIA DEIXA 24 MORTOS
Em abril de 2019, dois prédios, construídos de foram ilegal pela milícia, desabaram na Muzema. Cada edifício tinha cerca de cinco andares. 24 pessoas morreram e sete ficaram feridas.
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Nos escombros, os sonhos da casa própria foram deixados para trás. Na ocasião, a Prefeitura do Rio disse que os prédios já tinham sido interditados em ocasiões anteriores, mas os antigos moradores retornaram.
MAJOR DA PM É QUEM COMANDA
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Segundo as investigações da Polícia Civil, o major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira, preso no início de 2019 na operação Os Intocáveis, é quem comanda a milícia na Muzema.
Além de dominar a venda de imóveis irregulares na região, o militar é acusado por crimes como agiotagem e venda ilegal de serviços como luz, gás e TV a cabo.
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Ronald Paulo também é investigado por envolvimento no Escritório do Crime — grupo de matadores profissionais suspeito de executar várias pessoas no Rio.