Mototaxista mata ex-companheira a facadas após fim de relacionamento
Mototaxista mata ex-companheira a facadas após fim de relacionamentoDivulgação / Polícia Civil
Por Luísa Bertola*
Rio -  Morta a facadas pelo ex-companheiro, o mototaxista Davis de Araújo, a esteticista Jéssica Nascimento, de 31 anos, era vítima de uma relação abusiva e conturbada. Ela foi assassinada em uma casa no bairro de Paciência, na Zona Oeste do Rio, no último dia 26 de abril. Após cometer o crime, o homem ainda escondeu o corpo em uma mata fechada na Serra do Matoso, em Itaguaí, na Baixada Fluminense. Davis foi preso na tarde de segunda-feira no Centro do Rio. A Polícia Civil apurou que os dois namoraram por três anos e quando Jéssica terminou o relacionamento, há cerca de quatro meses, Davis não aceitou. A delegada titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) e responsável pelo caso, Elen Gomes Souto, caracterizou o homem como "agressivo, compulsivo e  controlador".


Mesmo com o tempo de relacionamento, o casal vivia de forma conturbada, como afirmou a delegada. Durante o namoro, Jéssica chegou a ser mantida em cárcere dentro de casa após uma discussão e precisou voltar para à casa da sua mãe, também em Paciência. "Esse relacionamento foi caracterizado por uma relação abusiva, marcado por constantes agressões, violência, um comportamento doentio, de muito controle, de muito ciúmes por parte do Davis", relatou Elen.

Segundo a delegada, durante esses quatro meses do fim do relacionamento, Davis monitorava e perseguia Jéssica o tempo inteiro. "Eles moravam próximos um do outro, cerca de 500 metros de distância, então isso facilitava para que Davis a seguisse em todos os locais". Ela chegou a ser monitorada durante à ida a uma consulta médica no bairro de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.

As investigações apontam que no sábado (24), dois dias antes do crime, Jéssica foi à uma festa com uma amiga em Campo Grande, também na Zona Oeste, e Davis também estava presente. Ele a monitorou de 20h30 até às 3h30 da madrugada, quando a mulher foi embora do local. Neste evento, o mototaxista presenciou a ex-namorada beijando um outro homem. "A Jéssica foi, na companhia de duas amigas, a uma festa em Campo Grande. Chegou nessa festa por volta de 20h30 e o Davis estava lá. Nós [a polícia] temos a imagem de do Davis nessa festa monitorando a Jéssica à distância".

No dia seguinte ao evento, Davis ligou para Jéssica e a chamou para uma conversa para tentar reatar o relacionamento. A vítima disse aos familiares que estava receosa, e chegou a afirmar que não iria. Contudo, Jéssica cedeu a pressão do ex e foi à casa dele no último dia 26, por volta de 12h30. Por ter ciência do temperamento do ex-companheiro e com medo, ela mandou a localização para uma amiga através de um aplicativo de mensagens e afirmou que se ela não entrasse em contato em até duas horas para essa amiga procurar ajuda. Foi a última vez que ela foi vista. 
Publicidade
Dois dias após o desaparecimento de Jéssica, a família fez o registro de desaparecimento na 36ª DP (Santa Cruz) e no último dia 30 o caso ficou sob responsabilidade da Delegacia de Desaparecimento de Paradeiros. As investigações apontavam Davis como principal suspeito e que o homicídio tivesse ocorrido no interior da casa dele. Com isso, a casa foi interditada para que a perícia fosse realizada.
Quando a equipe retornou para a perícia, o apartamento estava parcialmente queimado. A polícia concluiu que o acusado provocou o incêndio com objetivo de atrapalhar as investigações e a realização da perícia. "Embora o apartamento estivesse parcialmente queimado, nós conseguimos realizar a perícia e foram detectados quatro pontos de sangue oculto". 
Publicidade
Ameaçado pela milícia
A Polícia Civil conseguiu apurar que logo após cometer o crime, Davis fugiu do local em que mora porque vinha sofrendo ameaças da milícia que atua na região de Paciência. Ele era apontado como o principal suspeito do desaparecimento da esteticista e fugiu.
Publicidade
O homem chegou a ser ouvido durante as investigações e negou o crime. "Além de inúmeras contradições, ele não soube explicar o que teria feito, das 17h às 22h do dia 26, foi no no exato momento que ele foi pra Itaguaí", informou a delegada.
Ele foi preso na tarde desta segunda-feira (11), no Centro do Rio, após a polícia obter um mandado de prisão no Plantão Judiciário. 
Publicidade
"Davis estava foragido desde o dia do homicídio porque é uma localidade dominada por uma organização criminosa, de milícia, e ele já estava sendo ameaçado e perseguido por ser o principal suspeito pelo desaparecimento da Jéssica", contou Elen.
Após a prisão, ele confessou o crime e relatou que Jéssica foi morta a facadas após uma intensa discussão. Davis afirmou que agiu sozinho e usou um carro emprestado para levar o corpo até a mata em Itaguaí. Os policiais encontraram os restos mortais de Jéssica, que estavam enrolados em um saco plástico preto e presos por uma fita crepe. 
Publicidade
Ele foi preso por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e também será indiciado pelo crime e pelo crime de fraude processual.
Comportamento violento e agressivo
Publicidade
Jéssica não foi a primeira vítima de Davis. Segundo a delegada, o mototaxista possuía um comportamento violento em relação às mulheres. Ele já tinha passagens pela polícia por violência doméstica. A ex-mulher dele, com quem tem dois filhos, também já foi vítima das violências e prestou queixa contra ele.
"É uma pessoa com um comportamento violento em relação às mulheres, um comportamento sempre violento, agressivo, compulsivo, controlador", caracterizou a delegada.
Publicidade
O corpo de Jéssica ainda está no IML e nesta quarta, o cadáver passará por uma análise da arcada dentária.
*Sob supervisão de Cadu Bruno