Prof. Dr.Babalawõ Ivanir dos SantosBrunno Rodrigues
Ivanir lembrou que, há seis anos, a região onde ocorrem as buscas pela captura de Lázaro também foi palco de intolerância religiosa. O relato do pai de santo sobre a situação de preconceito foi feito em um vídeo que circula na internet.
"Primeiro, precisamos observar que a região onde está acontecendo as buscas pela captura de Lázaro Barbosa, mais ou menos uns 6 anos atrás, aconteceu violentos e sistemáticos ataques a terreiros de candomblé. Isso gerou, inclusive, a necessidade da retirada de alguns sacerdotes do Estado para que não fossem assassinados. Na época, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) acompanhou o caso para dar as ajudas necessárias", afirmou.
O babalawô, que também é interlocutor da CCIR, relatou ainda que vem observando o disparo de notícias falsas fake para criar um ambiente hostil às religiões de matriz africanas aos olhos do público médio.
"No caso atual, é muito curioso as tentativas de ligações do criminoso ao cultos de matrizes africanas como justificativa para invadir, violar e perseguir os religiosos da região uma vez que o próprio sacerdote veio a público explicar que o acusado não tem nenhuma ligação com o terreiro", pontuou.
Imagens viralizaram na internet de peças e conchas na casa em que Lázaro estava e foram associadas - de forma racista e preconceituosa - a um assentamento de candomblé.
Ivanir dos Santos explicou que não há como identificar, reconhecer ou ligar peças de rituais africanos a qualquer liturgia, como se pudesse legitimar ou justificar as atitudes do criminoso. Ele explicou que nenhuma religião prega atos como os praticados pelo serial killer. Para o professor, os casos de perseguições e intolerâncias a qual passamos hoje é fruto do desconhecimento das nossas práticas religiosas alimentadas pelo racismo epistêmico e estrutural.
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