SuperViaEstefan Radovicz

Por Jenifer Alves
Rio - Um balanço das operações dos trens da Supervia mostra que, desde janeiro deste ano, os serviços sofreram com pelo menos 107 interrupções. Desse número, 60 vezes foi devido a furto de cabos, 36 por furto de grampos, peças que fixam os trilhos, e 11 vezes por conta de tiroteios registrados nas imediações das vias férreas.

A empresa também alega que a operação pode sofrer alterações em função de manutenções programadas ou emergenciais, e que mantém um cronograma de manutenções preventivas, com o objetivo de garantir a segurança operacional. Esses serviços são realizados preferencialmente de madrugada ou nos horários de menor circulação de passageiros, segundo a companhia.
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“Os trens e a via férrea também passam por vistorias diárias antes das viagens, mas podem precisar de reparos durante a circulação. Nesses casos, a concessionária conta com equipes técnicas distribuídas por toda a malha ferroviária, nos cinco ramais, que atuam imediatamente após as ocorrências, buscando normalizar a operação no menor tempo possível”, alegou a Supervia.

Nos últimos três dias, a circulação de trens do ramal Saracuruna parou três vezes e em uma delas, os passageiros precisaram caminhar sobre os trilhos até a estação de Vigário Geral. O gestor de logística Douglas Mendonça, de 33 anos, utiliza o ramal desde 2006 e diz que a sensação é de abandono. Ele conta que pega o trem das 7h em Saracuruna para chegar às 9h no trabalho, no Centro do Rio.
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“O que nós temos visito hoje é um caos diário. É atraso, é a lotação, interrupções no sistema diário ou praticamente quatro vezes por semana. Todo dia é um problema. Um dia é chuva, outro dia baixa temperatura, outro dia é sol demais e aí tem a dilatação da linha, que isso é normal, mas enfim, falta de manutenção. No outro dia, furto de cabo, outro dia é furto de material da via. A gente brinca que é um bingo. É um sorteio de problema diário”, conta.
Nesta quarta-feira, as partidas dos trens da estação Central do Brasil ficaram cerca de 25 minutos paralisadas. Segundo relatos, os agentes tentavam localizar um homem que furtava grampos de trilhos próximo à estação Praça da Bandeira. Por conta disso, os trens que partiam da Central do Brasil aguardaram ordem de circulação e as viagens com origem às estações terminais (Gramacho, Santa Cruz, Japeri e Belford Roxo) foram encerradas em São Cristóvão.
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Nos cinco primeiros meses deste ano, a SuperVia registrou 125 casos de furtos de cabos de sinalização e de rede aérea, o que representa mais que o triplo do mesmo período do ano. Somente de janeiro a maio de 2021, foram furtados mais de 12 mil metros de cabos, causando um prejuízo de R$ 899 mil, segundo a empresa.
A Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Rio de Janeiro (Agetransp) informou que apesar de realizar fiscalizações diárias em estações de trem, a aplicação de multas contra a Supervia por má gestão do sistema é um processo demorado que, pode levar pelo menos dois anos. Quando um problema é identificado, a Agetransp precisa consultar o contrato de concessão para verificar se algum acordo foi ferido, conforme explicou a agência.

A partir daí, a companhia é notificada e é aberto um espaço para que a empresa apresente sua defesa. No caso do maquinista que morreu em 2019, operando um trem da Supervia que colidiu com outro na estação de São Cristóvão, a empresa foi multada em um R$1 milhão pelo Conselho Diretor da Agetransp. No entanto, a empresa pode ir à esfera judicial recorrer da decisão.

A Supervia diz que lamenta que o sistema ferroviário e os passageiros que dependem dos trens sejam afetados por problemas de segurança do estado e destaca que, de acordo com o contrato de concessão, a segurança pública nos trens e estações é uma atribuição do Governo.
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