Cerca de 150 famílias tentam permanecer no localReprodução
Denominada "Ocupação Kathlen Romeu", em homenagem à jovem Kathlen Romeu, grávida de 24 anos baleada durante um confronto entre criminosos e policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Complexo do Lins, na Zona Norte do Rio, no início de junho, os ocupantes, em sua grande maioria são de camelôs e diaristas afetados pela pandemia da covid-19, que não têm onde morar. Ao todo, 17 crianças residem no prédio, há menos de uma semana.
"A ocupação começou há menos de uma semana. Os moradores, em sua maioria, são pessoas que perderam o emprego durante a pandemia ou que foram prejudicados pelo lockdown que inviabilizou o trabalho do comércio. Esse prédio estava abandonado há décadas. Foi só esses moradores ocuparem que eles se deram conta da importância do mesmo", afirmou Katerine Oliveira, 31, integrante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
Segundo Juliete Panjota, 31, coordenadora da MLB, é primordial manter essas famílias no prédio do Centro.
"Aí dentro temos ambulantes e domésticas que foram dispensadas durante a pandemia. Ninguém está aí porque quer. Tive conhecimento que duas famílias que tiveram que colocar seus pertences em depósitos durante este período poque ficaram sem ter pra onde ir", disse.
Ela afirma ainda que o objetivo é manter estas famílias no local com condições dignas.
"Essas famílias não queriam estar aí. Nossa luta é para que elas permaneçam aqui no Centro. Existe um fundo para isso. Nossa ideia é transformar o prédio da Faperj em moradia e que o primeiro andar seja para gerar renda, com abertura de lojas. Mas, estamos abertos ao diálogo".
Para integrantes da luta do movimento MLB e pessoas que vivem no local a Polícia Militar deveria estar lá protegendo a população, não ameaçando a remoção, como, segundo eles tem sido.
"Nos despejar em plena pandemia é abusivo e violento", disse um sos moradores do local.
Em comunicado divulgado nas redes sociais, o MLB pediu a contribuição para a compra de materiais de limpeza, álcool em gel, máscaras, alimentos, colchão e roupa de cama, utensílios de cozinha e outros.
Mas, segundo eles, os policiais continuam dificultando as doações até o local.
"Alguns produtos nós subimos na corda, como foi com a quentinha que chegaram neste sábado. Tem famílias aqui precisando dos alimentos. A situação lá dentro é caótica em relaçãoa água, comida e itens de higiene pessoal", relatou Juliete.
Preocupados com o futuro, o MLB promete não recuar e questiona a atuação do Estado.
"Em tese, garantimos que não haverá ordem de despejo até terça-feira. Mas, e depois disso? Para onde estas famílias vão? Por que este prédio não teve importância durante uma década, mas passou importar há uma semana?", questionou Katherine.
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