Wellington da Silva Braga, o Ecko, antes de entrar na van para ser socorrido Reprodução/ Agência O DIA
Um mês após a morte de Ecko, assassinatos podem indicar novas disputas entre milicianos
Desde junho, Polícia Civil investiga pelo menos quatro episódios de execução que podem ter relação com guerra entre milicianos
Rio - Há exatamente um mês, policiais dispararam dois tiros contra Wellington da Silva Braga, o Ecko, e deram fim às buscas pelo criminoso mais procurado do estado. As balas que mataram o miliciano tiveram outras balas como consequência. Disputas de poder tomaram conta da milícia na Zona Oeste e em Nova Iguaçu, e a Polícia Civil investiga se pelo menos quatro episódios de execução no último mês têm como uma das linhas de investigação a disputa de milicianos por território, que deixa um rastro de sangue e atinge inocentes e culpados.
Na tarde de 26 de junho, um sábado, o subtenente da Polícia Militar Luciano de Jesus Hipólito, conhecido como Ralf, foi executado por homens encapuzados na Estrada do Moinho, em Campo Grande. Ralf dirigia uma picape blindada que não suportou os impactos dos disparos.
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Em 2007, uma investigação interna da PM apontou Hipólito como suposto membro de um grupo miliciano com atuação Campo Grande. No mesmo ano, o policial recebeu uma moção na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) dada pelo ex-deputado estadual Natalino, apontado na CPI das Milícias, no ano seguinte, como um dos fundadores da Liga da Justiça. A investigação sobre a morte de Hipólito está na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
Três dias depois, uma tarde de terça-feira, três pessoas morreram na comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, área dominada por milícia. Criminosos passaram atirando no bar em que as vítimas estavam, entre elas o músico Jean Carlos dos Santos, de 22 anos.
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O rastro se espalhou também por Nova Iguaçu, onde parte dos bairros e comunidades são explorados por Danilo Dias Lima, o Tandera. O miliciano passou de aliado a inimigo de Ecko no fim do ano passado e hoje é o principal interessado nos territórios do rival, segundo investigações. A suspeita da polícia é de que o comando da milícia da Zona Oeste esteja agora nas mãos do irmão de Ecko, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho.
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No dia 30 de junho, em Nova Iguaçu, quatro criminosos entraram em uma academia de crossfit, no Cacuia, e atiraram contra policiais que faziam exercícios. Dois policiais militares que estavam de folga reagiram. Uma policial civil estava malhando no momento do tiroteio e foi baleada no braço. Um dos PMs, o cabo Evaldo Torres, de 38 anos, morreu dias depois no hospital.
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As mortes atravessaram julho. Na última quinta-feira (8), o ex-policial militar Altino Gláucio Ramos Dias dos Santos, 51, conhecido como Tilt, foi morto a tiros de fuzil no bairro do Moquetá, também em Nova Iguaçu. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga se o assassinato tem relação com a milícia local. Altino Gláucio foi excluído dos quadros da PMERJ em 2016, mas a corporação não informou o motivo.
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