Dique flutuante em construção da Renave/Enave afunda e mata dois funcionáriosGoogle Maps

Rio - Um dia depois do dique da empresa Renave/Enave afundar na Baia de Guanabara, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, testemunhas relataram momentos de desespero durante o acidente, que deixou dois funcionários do estaleiro mortos. As vítimas foram identificadas como Nilo de Paula, de 78 anos, e José Henrique da Silva, de 45.
De acordo com o delegado Geraldo Assed, da 78ª DP (Fonseca), a perícia no local já foi solicitada para apurar se o estaleiro seria responsável ou não pelo acidente que causou a morte dos funcionários. Em breve, testemunhas também serão ouvidas pela distrital.
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Uma dessas pessoas, que teve sua identidade preservada, revelou ao DIA momentos de apreensão entre os funcionários antes do ocorrido. "Foi um desespero total. (Antes do acidente) teve funcionário que falou que não ia entrar porque viu o risco que era. Aqui dentro não tem segurança nenhuma", relatou.
"O sentimento é de medo. Eles [os funcionários] entram em buracos escuros sem iluminação. Uma coisa horrível. Não tem segurança. Sempre tem acidentes aqui dentro", continuou a testemunha. Ainda de acordo com ela, devido à falta de manutenção nos equipamentos, há menos de uma mês, um funcionário teria quebrado a clavícula por conta da queda de uma barra de ferro dentro do flutuante.
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Momentos de desespero no interior do dique
Um outro relato de uma segunda testemunha, que estava dentro do dique no momento em que ele afundou, contou em um vídeo o drama que viveu antes de conseguir escapar do local.
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“Eu comecei a subir [a escada do dique] e apagou tudo, apagou a luz de dentro do tanque. Aí eu fui subindo a escada contra a pressão da água, cheguei lá em cima e a tampa da passagem estava fechada. Aí eu falei: ‘pronto, deu ruim’. Eu pensei que o Henrique [a vítima de 45 anos] estava segurando ali para não entrar água”, narrou.
“Quando eu senti que aliviou a pressão, eu fui e empurrei a tampa e já fui tentando nadar, tentando sair. Aí eu comecei a flutuar. [...] Eu não vi ninguém, eu só vi na hora que eu estava lá dentro. Seu Nilo [a vítima de 78 anos] foi, e eu ia subir na mesma escada que dele, aí veio aquela pressão [da água] e eu fui para o outro lado", completou.
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O que o estaleiro diz
Diante dos fatos narrados pelas testemunhas ao DIA, a Renave, através de uma nota, esclareceu que os motivos que levaram ao acidente ainda serão esclarecidos pelos órgãos periciais e também se solidarizou com as famílias dos funcionários falecidos.
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Confira a nota na íntegra:
"É com imenso pesar que comunicamos o que segue:

Uma estrutura metálica que estava sendo idealizada como protótipo para inspeção em costados de embarcações submergiu de maneira inesperada em nosso cais. Essa estrutura não tem propulsão, não tem combustível, possui bombas alimentadas por energia de cais(terra) e não gera gases explosivos. Gostaríamos de deixar claro que não existe nenhum risco de vazamento de óleo, pelos motivos expostos.

Os profissionais envolvidos no acidente estavam acessando a casa de bombas, para testes de abertura e fechamento de válvulas. Por motivos que ainda desconhecemos e que estão sendo apurados pelos órgãos periciais, dois colaboradores infelizmente faleceram. Nos solidarizamos com as famílias e prestaremos todo o suporte necessário nesse doloroso momento", dizia a nota.

 
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 Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno*