Taxa de ocupação de leitos para covid-19 em hospitais públicos do Rio de Janeiro caíram em 30% nos últimos dois mesesFoto: reprodução internet

Rio - O Estado do Rio de Janeiro registrou queda de 30% na ocupação dos leitos de UTI e 26% nas vagas de enfermaria - comparando o período entre a primeira semana de maio e a semana passada. O número de mortes também registrou uma redução considerável: foram 50 mortes nas últimas 24h por covid-19; o número no período analisado chegou à marca de 350 óbitos. Os resultados são provocados pelo efeito da vacinação em todo território fluminense, que tinha nos últimos 80 dias cerca de 2,45 milhões de aplicações para a primeira dose e agora alcançou a marca de 7,4 milhões.

Um levantamento feito pelo DIA mostra que a evolução nas taxas de vacinação garantiu maior proteção à população fluminense. Para a primeira dose, até 8 de maio, o percentual dos fluminenses maiores de idade que receberam a primeira dose era de 18,1%, agora o número chega a 55,2%. A cobertura com a segunda dose também registrou aumento de 8,3% para 20,9% analisando o mesmo período.

Enquanto 162 pessoas aguardavam por uma vaga em um leito de UTI no Estado, o número mais recente foi de 11 pacientes na segunda (26). A quantidade de vacinas aplicadas na primeira semana de maio tinha a média de 72,9 mil injeções ao dia, enquanto que a média da semana passada foi de 116,2 mil injeções diárias.

Na capital fluminense, a taxa de ocupação operacional acompanha um panorama de estabilidade, mas houve redução no número de casos graves e óbitos. Nos últimos 80 dias estavam internadas 727 pessoas em leitos de UTI, outras 636 eram atendidas pela enfermaria. O número mais recente mostra a ocupação de 405 pessoas com casos graves e 241 pacientes com síndromes respiratórias mais leves.

O município de Duque de Caxias também registrou melhoras no atendimento hospitalar. O registro de óbitos na cidade vem caindo desde maio, quando totalizou 88 óbitos, para 50 em junho, e 34 em julho. A UPA Beira-Mar, localizada na região, atendeu 276 casos confirmados de covid-19 há dois meses, e nos últimos 27 dias foram 168 infecções. Concomitantemente a vacinação também está avançando, com mais de 314 mil moradores com a primeira dose outros 194 mil com o esquema completo. 
Em Niterói, a Secretaria Municipal de Saúde informou que no mês de maio o maior registro de ocupação de leitos de UTI da rede pública foi de 81%. Com relação a leitos clínicos neste mesmo mês, 58% foi o pico da ocupação. Atualmente a ocupação de leitos clínicos públicos é de 23%, e 30% de leitos UTI.

Em maio, o município apresentou pico de oito óbitos em 24h. Atualmente Niterói possui um total de 140 leitos para covid-19.

Hospitais particulares acompanham tendência de melhoria

Os hospitais da rede privada também acompanham a tendência de redução nas internações por covid-19, tanto no Rio de Janeiro como em todo o país. Entre eles, a Rede D'Or São Luiz confirmou uma redução considerável no número de atendimento para casos graves da doença, embora tenha acompanhado uma mudança de perfil da idade dos pacientes atendidos. Para a unidade, a queda no movimento tem acompanhado o avanço da vacinação no país.
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"Em julho, pela primeira vez desde novembro do ano passado, a Rede registrou menos de mil pacientes internados. Nos momentos mais delicados, os hospitais chegaram a ter mais de três mil pacientes internados por covid-19. A Rede ainda esclarece que os hospitais permanecem mobilizados, seguindo os protocolos da OMS e do Ministério da Saúde, mantendo, inclusive, fluxos de atendimento separados de pacientes com síndrome respiratória dos demais atendimentos", informou, em nota, a instituição. 
De acordo com a avaliação de Adelvânio Francisco Morato, presidente da Federação Brasileira de Hospitais do Brasil, as redes particulares tiveram uma redução considerável no atendimento para casos graves da doença, mas ele alertou para a internação de mais jovens nos hospitais.
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"Nós percebemos que após atingirmos um percentual maior da vacinação, isso [o número de internações] começou a cair realmente em toda a rede privada do país. Também verificamos que a idade das pessoas contaminadas por covid-19 mudaram, e percebemos uma falta das pessoas mais jovens em se comprometerem com o sistema de precaução, cuidado e distanciamento", afirmou.
Para Adelvânio, a diminuição nos leitos de UTI no país, tanto no setor público quanto particular, foi uma tendência provocada pela vacinação. Ele ponderou que, apesar dos imunizantes terem sido produzidos de forma emergencial, não garantindo a eficácia total da doença, a campanha vem cumprindo a sua missão e garantindo um controle "agudo" da contaminação e internação pela covid-19, mas fez a ressalva: "temos relatos de pacientes evoluindo para o óbito com duas doses da vacina". 
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Perguntado sobre as dificuldades que o sistema particular vem enfrentando, Adelvânio explicou que o lockdown prejudicou o atendimento das redes particulares, e que nem todos os pacientes que necessitavam de cirurgias puderam ser atendidos, provocando uma queda no faturamento em torno de 40%.

"Estamos falando de pequenos e médios hospitais. Eles não tem um capital de giro para suportar uma pressão dessas, outros estão endividados, por isso estamos sempre brigando e procurando uma espécie de financiamento para manter as atividades. O governo federal precisa olhar mais para os hospitais", explicou.
Confira o calendário de vacinação dos municípios
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Após a suspensão da vacinação no município do Rio de Janeiro, o calendário de imunização será restabelecido a partir da quarta-feira (28). Podem comparecer para se vacinar mulheres de 34 anos ou mais durante a manhã e homens na parte da tarde. Na quinta é dia de repescagem na parte da tarde, e podem comparecer mulheres com 33 anos ou mais. 
Em Belford Roxo, o calendário prevê o comparecimento da população de 27 anos na quarta, e 26 anos na quinta, entre 8h até 17h. Já em Duque de Caxias, o município anunciou a vacinação apenas para a segunda dose.
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*Estagiário sob supervisão de Gustavo Ribeiro