A milícia deixa suas iniciais em muro da Favela do Rola, em Santa CruzREPRODUÇÃO

Rio - A Polícia Civil investiga uma uma nova forma que criminosos encontraram para extorquir moradores da Favela do Rola, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Em uma denúncia divulgada nesta quinta-feira (19), no RJTV, pessoas que criam porcos dentro da comunidade são obrigados a pagar uma taxa semanal de R$ 5 para milicianos que dominam a região, a 'taxa porco'. De acordo com moradores, quem não acatar a ordem imposta pelos criminosos perde o animal para 'bancar' o churrasco da milícia.
A prática ilegal se estende ainda à criação dos animais. Além do pagamento da 'taxa porco', os moradores são obrigados a comprar comida para os bichos com comerciantes envolvidos no esquema. Nas redes sociais, moradores de Santa Cruz expõe também outros tipos de abusos, práticas já conhecidas por quem vive à mercê da milícia, como a monopolização dos serviços de gás, internet e segurança no bairro.
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Moradores relatam que faz tempo que militares do 27º BPM (Santa Cruz) não circulam pela favela após a milícia tomar conta da região. "Todo dia fazia operações diárias quando o tráfico estava no local, esqueceram do local!" escreveu um morador em uma página de informação.
De acordo com a Polícia Civil, 800 milicianos já foram presos no Rio de Janeiro nos últimos anos após uma série de investigações. Procurada, a Polícia Militar informou que o comando do 27ºBPM (Santa Cruz) mantém o policiamento ostensivo no entorno da comunidade, mas que para preservar a vida da população segue protocolos técnicos. Em relação à nova prática, a PM disse que "Seção de Inteligência do Batalhão, até a presente data, não recebeu nenhuma denúncia referente a tal prática, apenas dados relatados pela mídia". As demandas da população podem ser comunicadas pelo Disque Denúncia (2253-1177) ou através da Central 190, em casos urgentes.
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Confira a nota da Polícia Civil na íntegra:
"O governo do estado tem uma política de enfrentamento às milícias. A Força-Tarefa da Polícia Civil, que já prendeu 800 milicianos, também investiga a atuação da milícia na região. O líder da quadrilha, que era o braço direito do miliciano Wellington da Silva Braga, o "Ecko", já foi preso pela Polícia Civil em fevereiro deste ano. As investigações continuam para desarticular o restante da organização e prender outros bandidos envolvidos nessas práticas criminosas."
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Confira a nota da Polícia Militar na íntegra:
"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que o comando do 27ºBPM (Santa Cruz) mantém o policiamento ostensivo no entorno da comunidade do Rola. No entanto, a atuação da Corporação enquanto órgão de segurança pública segue protocolos técnicos, tendo como preocupação central a preservação de vidas - da população local e de policiais militares envolvidos na ação -, assim como as determinações estabelecidas pela legislação vigente e por decisões judiciais.
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Com relação à suposta “Taxa do Porco”, a Seção de Inteligência do 27ºBPM, até a presente data, não recebeu nenhuma denúncia referente a tal prática, apenas dados relatados pela mídia. As demandas da população podem ser comunicadas pelo Disque Denúncia (2253-1177) ou através de nossa Central 190, em casos urgentes.
Cabe ressaltar que há condutas ilícitas, como os relatos citados, que por serem desencadeadas diante de oportunidade e de forma velada tornam-se, assim, atividades obscuras e de difícil intervenção imediata por equipes em patrulhamento ostensivo. Movimentações e articulações criminosas possivelmente relacionadas à situação relatada ensejam procedimento investigativo, que não é atribuição da Polícia Militar."