UTI para tratamento de Covid-19 no Hospital Ronaldo Gazolla, em Acari, Rio de Janeiro. Pacientes entubados na unidade de terapia intensiva do hospital municipalArquivo/ Daniel Castelo Branco

Rio - O Rio de Janeiro é o único estado do país com aumento no número de casos de covid-19. É o que destaca o último boletim divulgado pela Fiocruz nesta quinta-feira. Ao longo das semanas epidemiológicas 31 e 32, período de 1 a 14 de agosto, houve queda da incidência e mortalidade por Covid-19 em todos os estados, "com exceção do Rio de Janeiro, que sofreu alta abrupta no número de casos", diz o documento.
Segundo o estudo, o aumento de casos no Rio é especialmente preocupante devido à predominância da variante Delta. O estado também aparece na lista daqueles com maiores taxas de mortalidade por covid-19 no Brasil: além do Rio, é o caso do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, no Centro Oeste; Paraná, no Sul; e Roraima, na Região Norte.
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De acordo com a Fiocruz, o cenário epidemiológico do Estado do Rio de Janeiro concentra vários casos identificados de Covid-19 em decorrência da variante Delta, além de sinalizar para o aumento da incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Também apresentam indícios de SRAG/Covid-19 ao longo das últimas seis semanas o Rio Grande do Norte, Bahia e Paraná. Cerca de 98% dos casos de SRAG com confirmação positiva é por infecção do vírus Sars-CoV-2.
Duas capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19 superiores a 80%. A cidade do Rio é uma delas, com índice de 92%. A outra é Goiânia, com taxa de 82%. Já o Estado do Rio aparece na zona de alerta intermediário para a taxa de ocupação de leitos covid-19, com a marca de 70%.
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A análise defende a importância da aceleração da vacinação, do uso de máscaras e do distanciamento físico. “Há também uma retomada da circulação de pessoas nas ruas próximas ao padrão anterior à pandemia, devido a uma sensação artificial de que a pandemia acabou, contribuindo para um relaxamento das medidas de prevenção por parte das pessoas e gestores”, afirmam os pesquisadores do Observatório”.
O boletim recomenda que, diante deste quadro, é importante adaptar os serviços de saúde para a nova fase da pandemia no país, "intensificando as ações de vigilância, testagem e rastreamento de contatos. É fundamental ainda reforçar ações de atenção primária à saúde, capazes de identificar casos que necessitem de cuidados intensivos, o que possibilita também a interrupção das cadeias de transmissão".
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População idosa volta a ser alvo da pandemia
O estudo da Fiocruz aponta que, com a ampliação da cobertura vacinal para as faixas mais jovens, o processo de rejuvenescimento da pandemia no Brasil foi revertido. "Novamente as internações hospitalares, internações em UTI e óbitos voltaram a se concentrar na população idosa, que apresenta maior vulnerabilidade dentre os grupos por faixas etárias", ressaltam os pesquisadores.
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A mediana de internações, ou seja, a idade que delimita a concentração de 50% dos casos, foi de 66 anos na semana epidemiológica 1 e 56 anos na semana epidemiológica 31. Para mortes, os valores foram, respectivamente, 73 e 70 anos. “Com relação aos óbitos, a mudança é mais dramática: há novamente uma concentração dos óbitos nas idades mais longevas, com completa reversão da transição da idade ocorrida nos meses anteriores”, observa o estudo da Fiocruz.