Rio - A Polícia Federal cumpre, na manhã desta sexta-feira (20), mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) e ao ex-deputado e cantor Sérgio Reis. Agentes estão em Brasília e no Rio, berço político do parlamentar. Os dois são investigados por incitar atos violentos e ameaçadores contra a democracia.
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Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No Rio, agentes estão nos bairros do Anil e da Barra da Tijuca, Zona Oeste. Moraes autorizou, ao todo, 13 mandados, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Além do cantor e do deputado, outros oito homens são alvo da operação que está acontecendo no Rio, Brasília, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso, Ceará e Paraná.
Na decisão, Moraes argumenta que "o quadro probatório demonstra a atuação dos investigados na divulgação de mensagens, agressões e ameaças contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições e, na conclusão da Procuradoria Geral da República, seria mais do que suficiente para caracterizar causa provável a justificar as medidas cautelares pleiteadas".
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"O objetivo das medidas é apurar o eventual cometimento do crime de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, bem como contra os membros dos Poderes", reforça a Polícia Federal.
Nas redes sociais, o deputado Otoni de Paula gravou um vídeo dizendo que os agentes da PF estiveram em sua residência no Rio e que saíram de lá levando celulares e um laptop.
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"Eu não vou recuar um milímetro. Dentro do que a democracia me permite, dentro do que a constituição me permite, este deputado federal aqui não vai recuar. Se alguém pensa que vou deixar de falar o que penso, se pensa que vou deixar a postura que tenho, eu não vou deixar de ter. Eu não fiz nada para ser preso. É claro que estamos vivendo em um estado de exceção. E , em um estado de exceção, você pode ser preso", disse em parte do vídeo.
A defesa de Sérgio Reis ainda não se manifestou.
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Denúncias
Otoni de Paula foi denunciado em julho do ano passado por supostos crimes de difamação, injúria e coação em vídeos com ataques e ofensas a Alexandre de Moraes. Um mês depois o deputado foi obrigado, por decisão da Justiça de São Paulo, a retirar as postagens de suas redes sociais.
O deputado criticou Alexandre de Moraes que decidiu liberar o blogueiro Oswaldo Eustáquio, mas o proibiu de usar as redes sociais.
Otoni usou as seguintes palavras contra Moraes de "lixo", "tirano" e "canalha". O deputado foi um dos vice-líderes do governo Bolsonaro na Câmara.
Na ocasião, Otoni se desculpou dos vídeos gravados e disse que "extrapolou".
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Na última semana, Sérgio Reis foi alvo de uma polêmica envolvendo o mundo da política. Em áudios e vídeos compartilhados nas redes sociais, o ex-deputado convoca uma greve nacional de caminhoneiros contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), alvos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de quem o músico é aliado. Segundo as mensagens, os profissionais deveriam aderir à paralisação no dia 7 de Setembro, Independência do Brasil, seguindo o fluxo de outros atos já programados em favor do governo atual na mesma data.
"Nós vamos parar 72 horas. Se não fizer nada, nas próximas 72 horas, ninguém anda no país, não vai ter nem caminhão para trazer feijão para vocês aqui dentro. (...) Nada vai ser igual, nunca foi igual ao que vai acontecer em 7, 8, 9 e 10 de setembro, e se eles não obedecerem nosso pedido, eles vão ver como a cobra vai fumar, e 'ai' do caminhoneiro que furar esse bloqueio", ameaçou Reis em vídeo.
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O ministro Alexandre de Moraes é o relator no inquérito que investiga a organização e o financiamento de atos antidemocráticos.
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