Mais de uma escola é saqueada por dia na cidade do RioAgência O DIA

Rio - A cena se repete semanalmente: funcionários chegam às escolas e se deparam com grades retorcidas, cabos cortados, aparelhos de ar-condicionado destruídos. Os roubos dentro das instituições municipais e estaduais de ensino, assim como os furtos de cabos nos trens, é um problema que existe há anos e segue trazendo transtornos aos cariocas em 2021. Dados obtidos pelo DIA junto à Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) apontam que somente de janeiro a julho deste ano as delegacias da capital registraram 267 ocorrências de furto no interior das escolas. Em todo o Estado do Rio, foram 449 escolas furtadas nos sete meses.
Funcionários afirmam que a maioria dos roubos são cometidos por pessoas que entram nas escolas e furtam materiais de valor no mercado clandestino. A Escola Municipal Baronesa de Saavedra, em Realengo, foi invadida no último fim de semana. Ladrões levaram peças de ar-condicionado e fios de cobre. "Dá tristeza ver nossas escolas sendo atacadas desse jeito", diz um funcionário, que não será identificado. 
Mais de uma escola é saqueada por dia na cidade do Rio - Agência O DIA
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Em alguns locais, os assaltos impedem a continuidade das aulas, por conta da queda de energia e de acesso à internet. É o caso de um CIEP em Padre Miguel, que ficou sem aulas há dois meses. "Fico desolada em ver o que perdemos, e o que roubam de nossos alunos: o seu direito mais básico, que é estudar. Meu CIEP está sem aula presenciais desde junho por conta de roubos de cabos de energia e vandalismo. E eu tenho me perguntado todo dia: Até quando?", afirma uma profissional da unidade.
Bangu tem escolas mais saqueadas
Na capital, o problema dos furtos atinge principalmente as zonas Norte e Oeste. Bangu lidera o número de registros de ocorrência desse tipo: foram 27 somente de janeiro até julho. Outras duas escolas são investigadas pela delegacia de Bangu, mas não tiveram o bairro de origem registrado no boletim de ocorrência. Campo Grande registra 13 casos; Realengo, outros 12. Até julho, as delegacias da cidade somavam 267 'furtos no interior de estabelecimentos de ensino'. Neste ritmo, até o fim do ano, o número deve ultrapassar o de 2020 - foram 301 ocorrências nos doze meses do ano passado. Os números em 2019 foram ainda mais impressionantes: 541 só na cidade do Rio.
Em muitos casos, os roubos ocorrem em dias seguidos. Ladrões invadem dioturnamente até retirar tudo o que for de valor. O Colégio Estadual Moacyr Padilha, em Padre Miguel, foi invadido seis vezes somente em maio. "Que triste situação estamos vivendo, tanto trabalho, tanto esforço, muitos reparos feitos com dinheiro nosso para que seja possível reabrir a escola no dia seguinte. Mas parece que enxugamos verdadeiros icebergs. E o pior, os alunos são os maiores prejudicados. Um desânimo que nos abate profundamente", lamenta um funcionário.
Baixada, Niterói, São Gonçalo e interior também sofrem com o problema
A Baixada Fluminense vive semanalmente o problema dos cabos roubados ao longo do ramal de Japeri da Supervia, que afetam milhões de passageiros. Assim como os trens, as escolas da região também são alvo do mesmo tipo de roubo. Delegacias da Baixada registraram 63 ocorrências em 2021: 19 delas em Nova Iguaçu, 14 em Itaguaí, oito em Duque de Caxias, e o restante espalhadas pelos outros municípios.
A delegacia responsável por São Gonçalo acompanha 24 boletins de ocorrência em escolas, em 2021. Em Niterói, outros nove. As cidades do interior do estado do Rio somam 119 roubos.