Protesto virtual pedia o fim do reajuste da tarifa de trens em fevereiroEstefan Radovicz
Estudo prevê que tarifa dos trens pode passar de R$ 7, caso não haja acordo
Documento 'Recomendações para a modernização dos trens', lançado nesta sexta, sugere mudanças na gestão dos trens da Supervia, inclusive na base de cálculo da tarifa
Rio - A percepção dos usuários dos trens é de que o sistema ferroviário do Rio é caro e está longe da estrutura ideal, problema agravado pelo aumento no número de furtos de cabos, que atrasam diariamente a circulação nos ramais - desde o início de setembro, Supervia, Polícia Militar e Polícia Civil iniciaram uma força-tarefa para combater os crimes.
Diante dos problemas que se amontoam, a Casa Fluminense e o Observatório dos Trens lançaram, nesta sexta-feira (24), o documento 'Recomendações para a modernização dos trens da Supervia', com sugestões para melhorar a vida de quem depende do transporte.
O estudo recomenda a melhoria do sistema ferroviário em cinco aspectos. Um deles é mudar a base de cálculo da tarifa da Supervia, atualmente em R$ 5,90. O documento prevê que caso não haja um acordo, a passagem pode chegar a R$ 7,73 em fevereiro de 2022.
O DIA conversou com Henrique Silveira, especialista da Casa Fluminense, que explicou sobre o índice de reajuste das tarifas.
"Como o dólar está variando muito, o valor do indicador das tarifas dos trens, que é o IGPM, tende a ficar alto também. No ano passado, por exemplo o índice de reajuste foi de 25%. Como esse indicador continua muito alto, batendo na casa de 30%, podemos prever uma média desse percentual em cima do valor base (R$5,90). Com isso, as tarifas podem ultrapassar R$ 7, o que seria péssimo para os trabalhadores".
Ao ser perguntado se há solução para que a tarifa não aumente, Henrique respondeu que tem dois jeitos para que isso não aconteça: "Poderíamos não utilizar o IGPM como indicador, e começar a usar o IPCA, que é o indicador que mede a inflação. Outro elemento fundamental é uma contrapartida de subsídio público do estado para a prestação de serviços dos trens. Isso é um debate que precisa ser feito. Nas outras cidades do mundo é assim".
Por fim, o especialista citou que é preciso investir em qualidade das estações, como acessibilidade, reformas. "O trecho Gramacho - Saracuruna, por exemplo, precisa da duplicação da linha. Os passageiros hoje fazem baldeação. Precisamos de investimento em infraestrutura para melhorar a qualidade do serviço oferecido ao usuário".
No documento feito pela Casa Fluminense o Observatório dos Trens, outra sugestão é utilizar parte do recurso da venda da Cedae na qualificação e modernização dos sistemas de trens - há previsão do governo do estado de investir R$ 1,7 bilhão para o metrô da Baixada (Pavuna-Nova Iguaçu). O ideal, segundo a Casa Fluminense, é que os trens urbanos tivessem qualidade e conforto similares ao metrô.
A Supervia assistiu a uma queda brusca nas receitas durante a pandemia. A média diária de 576 mil passageiros caiu para 299 mil, de 2020 para 2021. Há uma crise paralela de insegurança: de janeiro a setembro foram registrados 374 furtos de cabos de energia, mais do que todo o ano passado (355). Somados, esses cabos totalizam 22 mil metros, num prejuízo que passa de R$ 1 milhão. Nove estações são consideradas com graves problemas de segurança pública, como a entrada de homens armados e bocas de fumo à beira das estações.
A Casa Fluminense recomenda a concentração das investigações de furto de cabos dos trens e metrô em uma só delegacia, para auxiliar as apurações. A modernização dos cabos e de um sistema de alarmes são outras propostas.
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