"A vida do Arlindo (4 anos) mudou completamente após o transplante de coração. Brinco que ele fez transplante até de cabeça", diz a mãe Ana RogériaDivulgação

Rio - A vida de Arlindo Artur mudou radicalmente há dois anos. Ele pesava sete quilos quando fez o transplante de coração. O menino nasceu dia 5 de maio de 2017 e ia ter alta dois dias depois. Porém, no dia 7, a pediatra cardiológica avisou que a ausculta revelou um sopro no coração. "Ali ela (a médica) falou que ele precisaria fazer cirurgias reparadoras até o transplante", relata a mãe, Ana Rogéria Oliveira.
Foram dois anos tratando, até que em agosto de 2019 o coração começou a falhar e ele ficou praticamente sem oxigenação. Nesta época, com dois anos, Arlindo pesava 7 kgs, o peso médio de uma criança de nove meses. O transplante foi realizado em 4 de novembro de 2019.
"Eu não acreditei quando o médico falou que era pra arrumá-lo para transferir para o hospital que faria o transplante. Fiquei paralisada de emoção, meio incrédula. Foi rápido. Achei que demoraria muito mais", lembra a mãe.
O caso de Arlindo era gravíssimo e a fila de equaliza os critérios de gravidade, compatibilidade do doador e a data de entrada na fila.
"Agora a mudança nele é radical. Brinco que ele transplantou tudo: coração, cabeça... Hoje você não reconhece nele a criança de dois anos atrás", brinca Ana.

Nesta segunda-feira, a Secretaria de Estado de Saúde celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Uma missa, a ser celebrada pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, abrirá as homenagens a transplantados e doadores. A oração integra também a programação da 1ª Semana de Conscientização à Vida promovida pelo Hospital São Francisco na Providência de Deus. O hospital é um dos mais de 50 centros transplantadores de órgãos do estado do Rio. Em seguida, às 10 horas, será feita pelo Programa Estadual de Transplantes (PET) uma homenagem aos profissionais de saúde que trabalham diretamente nessas cirurgias no estado do Rio de Janeiro. A cerimônia acontecerá na Fundação Saúde (Av. Padre Leonel Franca, 248 – Gávea).
Para melhorar as condições do transplante no estado do Rio, a SES tem investido na melhoria da prestação de serviços. Em 2021 disponibilizou um helicóptero exclusivo para o transporte dos órgãos. A medida agiliza o processo, que é contado em horas para o sucesso. O helicóptero transporta entre dois e três órgãos por semana. A SES também treinou uma equipe para, depois de 15 anos, o estado do Rio voltar a realizar transplante de pulmão. Com a medida, o estado é um dos três únicos do país a realizar a cirurgia.
O Hospital Estadual da Criança (HEC) é outro exemplo de excelência no setor. A unidade atende crianças e jovens de 0 a 19 anos, é especializada em transplantes renais pediátricos de baixo peso, que são os que têm menos de 15 quilos. E no Hospital Adão Pereira Nunes foi feita, pela primeira vez na história do Rio de Janeiro, a captação de um intestino.
Ao longo de todo o mês várias ações estão sendo promovidas pela Secretaria de Estado de Saúde, por meio do PET, com o objetivo de reforçar junto à população a necessidade da doação de órgãos. A iluminação da Assembleia Legislativa inaugurou o Setembro Verde, seguida da iluminação do Cristo Redentor. Outros prédios públicos de grande visibilidade também receberam a cor verde, como a Câmara dos Vereadores e o Maracanã.

"No ranking dos estados que mais fazem transplantes no país, o Rio está atrás apenas do Paraná e de São Paulo. Vamos continuar investindo para avançar e melhorar ainda mais este cenário. Vamos credenciar centros transplantadores, estimular as universidades a realizarem transplantes e organizar todo o sistema para que possamos captar o maior número de órgãos possível", afirma o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe.

"Falar de transplante é falar de tratamento para pessoas que tenham doenças crônicas, pessoas que estão sofrendo. Por isso, a doação de órgãos é tão importante e ajuda tanto às pessoas. Basta avisar os familiares que você tem a intenção de ajudar outras pessoas", explica o diretor geral do Programa Estadual de Transplantes, Alexandre Cauduro.
O Programa Estadual de Transplantes

Criado em 2010, o Programa Estadual de Transplantes (PET) foi responsável por dar nova vida a mais de 6.900 pessoas por meio de transplantes de órgãos sólidos (categoria que engloba os transplantes de fígado, pulmão, intestino, rim, pâncreas e coração). Além disso, mais de 20 mil pacientes tiveram a saúde melhorada por meio do transplante de ossos, ligamentos e pele.
De janeiro a 15 de setembro de 2021 foram realizados 933 transplantes de órgãos, quase 80% do total do ano passado. Foram 433 córneas transplantadas, 17 corações transplantados, 186 fígados, 279 rins; além de 10 cirurgias simultâneas de rins e pâncreas, um simultânea rim e coração, 4 simultâneas rim e fígado, 1 transplante triplo de rim, fígado e coração, um multivisceral (fígado, pâncreas e intestino transplantados simultaneamente) e um transplante paratireóide.

Em 2020, 1075 transplantes foram efetuados, sendo 376 córneas e 699 de órgãos sólidos, sendo 22 de coração; 270 de fígado; 384 de rins; além de um transplante simultâneo de coração e rim; 10 de rim e fígado; e 12 de rim e pâncreas. O Estado do Rio ocupa o 3º lugar em número absoluto de doadores no ranking do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).