Depoimento na 31º DP da sobrevivente Camilly Apolinário, nesta quarta (29)Cléber Mendes / Agencia O Dia

Rio - Camilly da Silva Polinário, de 18 anos, prestou depoimento nesta quarta-feira (29), na 31ªDP (Ricardo de Albuquerque), sobre a ação da PM que matou o namorado Samuel Vicente, de 17 anos, e o padrasto do rapaz, William Vasconcelos, de 38. Os três foram baleados no último sábado (25) quando a jovem era levada a uma UPA da região pelos dois, pois havia passado mal em uma festa. Apenas Camilly sobreviveu.
O depoimento durou cerca de três horas e logo depois a jovem precisou ser socorrida, pois alguns dos 54 pontos que ela levou, começaram a abrir. Após uma reunião com a menina e os familiares de William e Samuel, também nesta quarta-feira, a Comissão de Direitos Humanos da Alerj pediu a inclusão de Camilly ao Programa de Proteção à Testemunha.
Parentes temem pela segurança da jovem e já foram coagidos enquanto ela estava internada no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio. Maria do Carmo da Silva Pacheco, de 52 anos, mãe de Camilly também esteve na reunião, na Alerj, e discordou novamente da versão da PM e comparou o caso com o dos jovens fuzilados com 101 tiros em Costa Barros e com a morte da menina Ághata, de oito anos, no Complexo do Alemão.
"Disseram que acharam que o Samuel estava com um fuzil, pistola seja lá o que for, então eu queria saber o seguinte, cinco rapazes em Costa Barros fuzilados, eles também acharam que eram bandidos? E a Ághata, baleada dentro de uma kombi, no Complexo do Alemão, do lado do avô?", desabafou a mãe de Camilly.
Na delegacia, a versão policial apresentou divergências. Segundo a narrativa, os policiais trocaram tiros com bandidos e Samuel estava armado com um fuzil. Em seguida, alega-se que a arma usada por Samuel era uma pistola. A família nega e diz que Samuel era estudante de uma escola cívico-militar e William trabalhava em uma farmácia perto de casa.
Polícia duplica depoimento de agente envolvido nas mortes de Samuel e William
Apenas um dos policiais envolvidos nas mortes de Samuel Vicente e do padrasto William Vasconcellos foi ouvido pela Polícia Civil. O depoimento de um dos agentes foi duplicado pelo relator responsável por colher os relatos da dupla sobre o ocorrido.
Investigadores já tinham notado a semelhança entre os depoimentos de Leonardo Soares Carneiro e Edson de Almeida Santana. De acordo com informações da TV Globo, a versão de um militar foi repetida com o objetivo de “facilitar o trabalho”. Eles serão ouvidos novamente.
Samuel e William foram enterrados nesta terça-feira, no Cemitério de Olinda, por volta das 11h30. Após o sepultamento, cerca de 100 pessoas fizeram uma manifestação pacífica na porta do cemitério. Em uma faixa estendida, os manifestantes diziam que a polícia "primeiro atira e depois pergunta se a vítima é moradora ou não".