Moradores, ativistas do Movimento Mulheres de Santa e figuras públicas fizeram um ato em memória à Marielle Franco, neste sábado, no Largo dos Guimarães, em Santa TeresaReprodução/ Redes Sociais

Rio - Moradores, ativistas e políticos realizaram um ato pelas ruas do bairro de Santa Teresa, na Zona Central do Rio, neste sábado, no Largo dos Guimarães, em Santa Teresa, em repúdio à visita do deputado estadual Rodrigo Amorim, há uma semana na região. O movimento 'Santa Teresa ama Marielle', organizado pelo coletivo Santa Luta, iniciou às 11h deste sábado, no Largo do Guimaraes, estampando camisetas com o rosto de Marielle Franco e frases contra preconceito, racismo e violência.
A mãe de Marielle, Marinete Silva, a vereadora e esposa da vereadora, Mônica Tereza Benício, o vereador e morador de Santa Teresa, Chico Alencar, além das deputadas Monica Francisco e Renata Souza estiveram na manifestação.

Na visita anterior, o político bolsonarista foi vaiado e 'expulso' da região enquanto acompanhava o governador Cláudio Castro na inauguração do programa Bairro Seguro do local. "Mais uma vez dizer que fascistas, milicianos e parlamentares bolsonaristas não são bem-vindos ao bairro, que tem histórico de resistência e de luta pela preservação da sua história e contra projetos autoritários. A manifestação foi organizada após a expulsão do deputado, que durante a campanha de 2018 rasgou a placa em homenagem a Marielle, durante um evento de Segurança Pública no dia 16. Ao ser expuslo as gritos de "miliciano" e "assassino", o parlamentar reagiu chamando as pessoas de "maconheiras e militantes", disse Mônica Francisco, deputada estadual e vice-líder do PSOL.
"Santa Teresa é um lugar de vida. Somos um só morro. As 12 favelas que aqui estão SÃO O NOSSO BAIRRO. A polícia não pode agir como atua nas favelas de Santa. Exigimos respeito para todo o grande morro que é Santa Teresa! Queremos diálogo sobre o Programa Bairro Seguro. Enquanto isso, manifestamos nosso repúdio absoluto à essa figura violenta e patriarcal que é o deputado estadual Chorume Amorim", escreveu o coletivo Santa Luta, responsável pelo ato deste sábado.

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o momento em que Amorim é hostilizado na rua no sábado (16). Nas imagens, o deputado discute com pessoas que o mandam embora do local, aos gritos de "fora daqui", "vai embora" e de "assassino". O vídeo ainda mostra policiais militares tentando impedir que os manifestantes se aproximem do deputado. Confira as imagens:
Em sua defesa, Rodrigo Amorim disse no seu perfil do Twitter que participou "normalmente da inauguração", de onde seguiu para outro compromisso, quando foi seguido pelos manifestantes. "Aí alguém fez um vídeo e espalhou como se eu tivesse sido expulso do bairro", escreveu ele. O deputado ainda diz nas publicações que "está para nascer o homem" que vai o expulsar de qualquer lugar da cidade. "Não tem sujeito homem 'pra' isso", continua Amorim.

O protesto deste sábado ganhou ainda mais força depois que o mesmo deputado apresentou ao Governo do Rio um projeto de criação de uma casa de acolhimento à mulher em situação de vulnerabilidade na Vila Mimosa, no Centro do Rio durante a semana. No texto, Amorim solicita que o local, conhecido por ser uma área de prostituição na Zona Norte do Rio, receba o nome de Marielle. O pedido não foi bem recebido por pessoas envolvidas na manutenção da memória da vereadora assassinada. Para eles, a iniciativa tem caráter duvidoso.

Em resposta ao DIA, o deputado rebateu as críticas. "É impressionante como todos preferem focar numa suposta provocação da minha parte do que em cogitar uma casa de acolhida em um local em que há profunda violação de direitos humanos básicos, sob a tutela de um partido político de esquerda. Deem outro nome então, se for o caso. Mas há outro nome de pessoa falecida, associada à defesa dos excluídos? Deem esse nome. Esqueçam Marielle. Quanto à placa, não quebrei, apenas retirei do local onde estava sem autorização e sem lei. Eu restaurei a ordem!".
Em 2018, o parlamentar bolsonarista causou revolta ao quebrar uma placa que homenageia a vereadora Marielle Franco, morta em um atentado em março de 2018, durante uma manifestação a favor do então candidato à presidência Jair Bolsonaro.