Rio - Vizinha do prédio de três andares que desabou neste domingo (24) em Nilópolis, na Baixada Fluminense, Janaína Santana, 49 anos, disse que viu uma coluna do imóvel estufada, mas não conseguiu avisar aos moradores do edifício. O acidente terminou com a morte de Gustavo Loureiro Amorim, de 26 anos, e deixou três pessoas feridas, entre elas a irmã dele, Giovana Amorim, 19 anos. Às 13h, a Rua Coronel José Muniz foi parcialmente liberada e a Avenida Nilo Peçanha, que chegou a ficar fechada, também foi liberada.
"Foi um barulho muito grande. Acordamos logo e na hora eu já sabia que era o prédio, porque já tinha visto uma coluna estufada. Eu e meu marido íamos avisar a dona do prédio, mas não deu tempo. Isso tem uns três dias", disse Janaína, que perdeu seu carro no acidente. Segundo ela, vizinhos usavam a garagem do prédio para guardar veículos.
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Segundo testemunhas, um morador da Rua Coronel José Muniz que também alugava uma vaga na garagem do prédio retirou o carro dele durante a noite deste sábado, por precaução. José do Espírito Santo Filho, 59, professor, mora na rua há 27 anos, e ontem retirou seu veículo e duas bicicletas que ele guardava no estacionamento do edifício.
"Eu vi umas rachaduras em uma das colunas. Estava sem o reboco e com ferro aparecendo. Isso me chamou atenção e uma moradora que guardava o carro aqui disse que tinha avisado à proprietária e que ela enviaria um engenheiro para verificar. Mesmo assim, eu resolvi tirar meu carro e duas bicicletas de lá. Algo me falava para tirar, que não era seguro".
José contou que acordou com o barulho do desabamento. "Foi muito barulho, parecia um trem invadindo minha casa. Foi assustador. Na hora minha esposa falou: 'foi o prédio'. Saí na rua e era uma nuvem de poeira".
Motorista de aplicativo de passageiros, Jorge Luiz Marinho de Castro, 27 anos, não teve a mesma sorte do vizinho, perdeu o carro na tragédia e disse que por pouco não estava no local na hora do desabamento. Há cinco anos ele alugava uma das vagas.
"Acordei cedo e quase fui no estacionamento retirar meu carro de lá porque eu ia sair para trabalhar. Acabei desistindo e em seguida faltou luz e ouvi o barulho. Achei que era um caminhão que tinha arrastado os fios. Quando olhei na rua era muita poeira aí quando vi o que tinha acontecido me desesperei". Segundo ele, o prédio estava em boas condições. "Meu carro ficava lá há muito tempo e nunca tive problemas antes. O prédio era bem cuidado e sempre tinha manutenção. Eu trabalho com o carro e vai ser um grande prejuízo, mas são bens materiais", disse.
O secretário municipal de Obras de Nilópolis, Flávio Vergueiro, disse que o prédio não apresentava nenhuma irregularidade na documentação. "A princípio, na prefeitura, não tinha nenhum registro de irregularidades no imóvel. Pode ser que tenha havido alguma obra posterior que não tenha sido notificada. A secretaria só pode atuar agora após os bombeiros fazerem varredura pra ver se há mais alguém no local e depois da perícia", explicou.
Sobrevivente do acidente, Jorge Brandão, 54 anos, disse que estava morando no terceiro andar do prédio há pouco mais de um ano, após se casar com a proprietária de um dos apartamentos, mas que não havia notado nenhuma irregularidade.
Giovana Amorim recebeu atendimento no Hospital Geral de Nova Iguaçu e logo após, teve alta hospitalar. No fim do dia, Nilcea também saiu do hospital.
"A Prefeitura de Nilópolis informa que o prédio que desabou na Rua Coronel José Muniz, 808, em Olinda, existe há 22 anos e estava legalizado junto à Secretaria de Obras. O secretário Flávio Vergueiro garantiu que, além das perícias que serão realizadas pela Polícia Civil e pelo Corpo de Bombeiros, a Prefeitura também fará uma investigação sobre as causas do acidente, que vitimou Gustavo Loureiro Amorim, 26 anos, e causou ferimentos leves em outras três pessoas".
"Presto minha solidariedade às vítimas deste acidente. Determinei que a estrutura do Estado esteja à disposição dos familiares destas quatro pessoas, principalmente aos parentes do homem que perdeu a vida no desabamento. Mais uma vez, o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro se fez presente com um trabalho de excelência", disse o governador Cláudio Castro, em nota.
A equipe de cães dos Bombeiros realizou uma varredura no local do acidente, mas não houve novas vítimas encontradas nos escombros. O secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros RJ, coronel Leandro Monteiro, acompanhou a ação no local.
"O CBMERJ só encerra os trabalhos quando são excluídas todas as possibilidades. Nossos cães fizeram a varredura do local do desabamento para nos certificarmos de que não havia outras vítimas", afirmou Monteiro.
Em nota, a Polícia Civil informou que "a 57ª DP (Nilópolis) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do desabamento de um prédio no bairro Olinda, em Nilópolis. Equipes da delegacia estão no local para identificar testemunhas e vítimas. A perícia será realizada após o término do trabalho do Corpo de Bombeiros".
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