Homenagem aos mortos. Na Foto, Matheus da Silva homenageia a avó Cleber Mendes/Agência O Dia
O caminho florido levava até uma capela 3D, onde um filme imersivo em memória de todos os entes foi exibido. O percurso convidava a reflexão para o ritual da passagem, o dom da vida e a eternidade.
"Perdi meu pai há três anos e desde então venho ao cemitério. Ano passado não pude vir por conta da pandemia, foi difícil não poder ter este momento. Vir ao cemitério no Dia de Finados me sentir mais perto dele. É um misto de sentimentos. Ao mesmo tempo que fico triste, eu lembro de momentos bons com ele e isso me conforta, saio daqui mais leve", contou a professora Silvana Brito Araujo, 32 anos, moradora do Recreio, Zona Oeste do Rio.
O comerciante Carlos Eduardo, 53, conta que em todas as datas comemorativas visita o túmulo do pai, morto em um acidente de carro, há 13 anos. "É uma homenagem ao pai que ele foi pra mim. Me sinto perto dele assim".
O cardeal Dom Orani Tempesta, cardeal-arcebispo do Rio, celebrou uma missa às 11h. Ele relembrou as vítimas da covid-19 e deixou uma mensagem de esperança a quem perdeu um ente querido.
"Rezamos pelos falecidos porque cremos que eles estão vivos na vida eterna. Esta data nos faz pensar que um dia vamos passar pela morte e que temos que aproveitar a vida para fazer o bem. Neste ano, de maneira muito especial, nós queremos fazer esse momento um dia daqueles que perderam seus entes querido e não puderam velar por eles, nem sequer conseguiu despedir-se por causa da pandemia. Que cada um sinta a mão de Deus segurando a sua vida e que em meio a tantas dores tenham esperança e confiança".
Os visitantes ainda puderam escrever o nome de seus homenageados no Memorial dos Corações, cuja missa será realizada pela intenção de todos os nomes.
Durante a inauguração do monumento "Mãos do Universo", que representa as três grandiosas mãos, a medicina, a ciência e a fé, dez médicos e enfermeiros do SUS foram homenageados. A médica pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcolmo, também foi homenageada, mas não esteve presente devido à perda de um ente querido.
"Neste momento já olhamos para a luz no fim do túnel com o avanço da imunização e sonhamos com tempos diferentes. Agradecemos a todos enfermeiros, médicos que foram anjos da guarda das pessoas internadas com covid, fazendo o papel dos familiares que não podiam chegar até eles. Esses profissionais se dedicaram, cansaram, muitos ficaram doentes. Agradecemos toda a dedicação de vocês, profissionais da saúde", disse Dom Orani Tempesta.
Missas e flores
Durante todo o dia, o cardeal Dom Orani Tempesta, cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, celebrou missas em homenagem aos mortos pela cidade. Às 8h, a celebração foi no Cemitério e Crematório da Penitência, no Caju. Às 11h o arcebispo realizou missa no Jardim da Saudade, em Sulacap.
A Prefeitura do Rio de Janeiro elaborou um esquema especial de trânsito e ordenamento urbano visando o Dia de Finados, nesta terça-feira.
Ao todo, 200 agentes da Guarda Municipal atuam no entorno de 19 cemitérios de todas as regiões da capital fluminense e também próximo à Praça Anjos da Paz, em Realengo, na Zona Oeste.
Os agentes auxiliam visitantes, além de atuarem na coerção ao comércio ambulante sem autorização. Já os operadores de trânsito auxiliam o tráfego, a travessia de pedestres, além de atuar contra estacionamento ilegal e flanelinhas.
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