Estudantes do Rio cobram o retorno do Bilhete Único Universitário, suspenso em março do ano passadoFernanda Dias/Arquivo/Agência O Dia

Rio - As aulas presenciais já voltaram em algumas instituições de ensino superior na capital fluminense, mas os estudantes seguem sem conseguir utilizar o Bilhete Único Universitário, que garante o uso gratuito do transporte público municipal. A prefeitura suspendeu o benefício em março de 2020, momento em que as aulas foram paralisadas devido à pandemia de covid-19.

Nas redes sociais, os alunos cobram a volta do passe livre. No Twitter, uma jovem aproveitou uma publicação feita pelo prefeito Eduardo Paes sobre o passaporte da vacina para pedir o retorno do recurso: "Falando em passaporte, cadê o Bilhete Único Universitário de volta? As aulas presenciais já voltaram na maior parte das instituições! Bora, bora fazer algo que preste pelo município!", criticou.

Outro estudante afirmou que o passe universitário precisa voltar "urgentemente". "Tô (sic) gastando muito com passagem", publicou. Ainda na rede social, um aluno pediu ao prefeito a reativação do benefício. "Pelo amor de Deus, eu vou gastar mais de 1/3 do meu salário mínimo só pagando passagem", disse. Outro internauta também reclamou: "Paes, cadê o Bilhete Único Universitário? Muda o prefeito, mas a bagunça e o desrespeito continuam".
"Tudo voltando ao normal, mas a liberação do bilhete único nada", escreveu outro jovem no Twitter. Mais um internauta cobrou explicações da administração municipal, acrescentando que "não adianta nada pressionar para volta das universidades, se a maioria dos alunos não vai poder ir porque não tem dinheiro".
Manifestação
Em agosto, universitários realizaram uma manifestação no salão do prédio da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, para exigir a volta do passe livre para estudantes. À época, o presidente da Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro (Aerj), Ruan Vidal, informou que o ato tinha o objetivo de tentar um diálogo com o prefeito Eduardo Paes.

"Já fizemos reunião, ofício, ato simbólico e nada. O governo só enrola. Fizemos essa ocupação pacífica da prefeitura para conseguir uma resposta definitiva porque o prefeito não nos responde", disse Vidal em entrevista ao O DIA na ocasião. Ele acrescentou: "Sem o passe livre, os estudantes que precisam usar as 76 passagens no mês a R$ 4,05 acabam por pagar no mês R$ 307,80", explicou.
O que diz a secretaria
Em nota, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) informou que a reativação do passe livre só será possível após o início da operação do novo concessionário da bilhetagem digital. A licitação está em andamento e a abertura dos envelopes ocorrerá no dia 7 de dezembro. "O início do novo modelo de gestão está previsto para julho de 2022, em função da necessidade de um prazo de seis meses para adequações como a instalação de novos validadores dos ônibus".

"Com a nova bilhetagem, o município passará a ter controle sobre o sistema em geral. Hoje não há transparência em relação aos dados informados pela Riocard. Além disso, o contrato de concessão entre a Prefeitura e os consórcios, de 2010, não prevê o custeio das gratuidades do passe livre universitário por parte das empresas, sendo necessária, portanto, uma contrapartida financeira da prefeitura. E o município entende que só haverá segurança jurídica e operacional com o controle total sobre o sistema", disse a SMTR.

"Na última sexta, foi realizada uma reunião realizada na Câmara Municipal, em que foi decidido que a viabilidade de qualquer medida paliativa antes do segundo semestre de 2022 deverá ser debatida entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário", finalizou a secretaria em nota.