Moradores da Baixada, eles se tratam em hospital da fundaçãoDivulgação / Fiocruz

Rio - O Ministério da Agricultura e Pecuária e própria Fiocruz descartaram, no fim da tarde desta quinta-feira, que os dois pacientes tratados pela fundação com suspeita do mal da vaca louca estejam com variante transmitida pelo consumo de carne bovina. De acordo com o Instituto, os pacientes deram entrada com suspeita de Encefalopatia Espongiforme Bovina, mas tem quadro de forma esporádica da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ). A patologia não tem relação com o consumo de carne. 
"As encefalopatias espongiformes correspondem a uma família de doenças degenerativas causadas por um agente infeccioso que altera as proteínas do cérebro, danificando o sistema nervoso. Existem, na verdade, algumas formas diferentes. A principal delas a da Doença de Creutzfeldt-Jakob, cuja principal manifestação é a forma esporádica, que é uma forma que acontece na população em geral sem uma causa clara. Não é transmissível por contato social, não é transmissível por consumo de carne", explicou o médico Estêvão Portela Nunes, vice-diretor de Serviços Clínicos Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, onde os pacientes estão em isolamento.
Segundo o instituto, o quadro foi revelado após análise dos quadros clínicos e radiológicos dos pacientes, que são de Duque de Caxias e de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A idade e o sexo dos pacientes não foi revelado pela fundação. Os dois estão em isolamento em ala destinada a pacientes com covid-19 no Instituto Evandro Chagas, que fica em Manguinhos, na Zona Norte. 
O médico da Fiocruz também explica que a patologia é rara e costuma acontecer entre as pessoas de faixa etária mais elevada. "Acontece, aproximadamente, em uma a cada 1 milhão de pessoas e sempre em pessoas mais velhas", relatou. 
Em nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária reforçou que entre os anos de 2005 e 2014, foram notificados, no Brasil, 603 casos suspeitos de DCJ.
A doença da vaca louca, na verdade, é conhecida pelo nome de variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ). No caso dessa patologia, há sim a relação com o consumo de carne bovina contaminada. O primeiro caso da doença no mundo foi registrado em 1995. Ao todo, são 178 diagnósticos, mas nenhum deles no Brasil. 
A maior incidência ocorreu na Europa, onde houve o primeiro surto do mal da vaca louca, na década de 80, quando houve um abate de milhões de cabeças de gado.