Polícia Civil faz operação contra provedor de InternetMarcos Porto / Agência O Dia
Operação mira empresa que pagava tráfico para ter monopólio de Internet em comunidades
Empresa que distribuía serviço de internet, telefonia e TV se associou ao tráfico para manter exclusividade de serviços para moradores de comunidade
Rio - A Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) cumpre nove mandados de busca e apreensão, nesta quinta-feira (18), em endereços ligados a uma empresa provedora de sinal de internet, telefonia e TV, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Segundo a Polícia Civil, a empresa se associou a traficantes para impedir que empresas que prestam o mesmo serviço atuem nas localidades onde ela está presente.
A ação busca identificar todos os envolvidos no esquema, além de provas da ligação entre a provedora e traficantes ou milicianos de outras comunidades. Os territórios mais explorados são comunidades na capital, Niterói, Cabo Frio e São João de Meriti.
De acordo com as investigações, a empresa paga valores semanais às lideranças do tráfico nessas comunidades para que outras empresas que prestam o mesmo serviço sejam impedidas de atuar nesses locais. A partir disso, criou-se um monopólio que favorece o provedor associado ao crime organizado.
Relatos colhidos de funcionários de empresas como Oi, Vivo e Claro, apontam que traficantes expulsam os técnicos que tentam instalar redes que não sejam do provedor associado ao tráfico. Segundo as vítimas, os criminosos faziam ameaças com armas de fogo.
Os traficantes também vandalizam as redes instaladas, cortando cabos e ateando fogo em equipamentos, além de ameaçar os funcionários para impedir o reparo desses materiais. A polícia identificou a ação em comunidades dominadas pelas fações Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comado Puro (TCP), tais como Morro dos Macacos (Vila Isabel), Manoel Correa e Jardim Nautilus (Cabo Frio), Vila Tiradentes (São João de Meriti), Jacaré (Niterói) e Dendê (Ilha do Governador).
A estimativa é que, nessas áreas, as empresas tenham mais de vinte mil clientes, o que resulta em um faturamento bruto mensal de mais de R$ 1 milhão. A DDSD informou que seguirá com as investigações para combater este tipo de crime que “gera incalculáveis prejuízos ao cidadão que habita essas comunidades subjugadas por organizações criminosas”.
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