Setor do Detran oferece apoio às vítimas de acidente de trânsitoDivulgação

Rio - "Em 2017, sofri um acidente de trânsito no qual perdi meu pai e minha mãe. Não tinha mais vontade de viver. Era dor, saudade e sofrimento. Se não fosse o NAVI, eu nem estaria mais aqui hoje. Foi um divisor de águas na minha vida. Me ajudou muito a ressignificar tudo isso". O depoimento é do estudante Victor Hugo Ramos Oliveira, que viveu um grande drama com a perda dos pais, história de superação relembrada pelo Detran.RJ, neste sábado, Dia Mundial das Vítimas de Trânsito.

O NAVI que Victor Hugo menciona é o Núcleo de Apoio à Vítima de Trânsito, setor do Detran.RJ que atende gratuitamente, na sede do departamento - ou mais recentemente também online, por conta da pandemia -, oferecendo apoio às vitimas de acidentes no trânsito e seus familiares.

Afinal, o problema é muito mais amplo do que se pensa. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem, por ano, em acidentes de trânsito. Desse total, metade das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas. E cerca de 50 milhões de pessoas sofrem lesões a cada ano – os acidentes de trânsito são a principal causa de morte de crianças e jovens em todo o mundo. No Brasil, são cerca de 40 mil mortes por ano – nosso país ocupa o quarto lugar no ranking mundial de mortes e os jovens são as maiores vítimas.
"Em primeiro lugar, é muito importante as pessoas buscarem ajuda após uma situação como a que ocorreu comigo. Conheci o NAVI através de uma tia que buscava uma forma de me ajudar. Foi fundamental para minha vida", acrescenta Victor Hugo.

"O NAVI é apoio, acolhimento, respeito e carinho com muito profissionalismo. Em primeiro lugar, tem que acreditar que as coisas podem melhorar. Quando se está passando por isso, a pessoa acha que o sofrimento será eterno. Mas se aprende a lidar e a continuar. O luto não tem um prazo específico, por isso a pessoa deve ressocializar para se ajudar", explica Dnilda Côrtes, coordenadora do NAVI do Detran.

O núcleo é formado por seis pessoas - sendo duas psicólogas e quatro estagiárias. Só este ano, foram realizados 136 atendimentos. Os profissionais que fazem parte do núcleo são preparados e sensibilizados para lidar com um público diferenciado. Além de profissionalismo, quem atua no setor tem uma atitude humana de compaixão e empatia para com cada um dos assistidos.

"Qualquer pessoa que tenha sido, de alguma forma, vítima de trânsito, pode procurar o setor e participar das nossas atividades. Cada vida perdida tem grande impacto também nas vidas de familiares e amigos. Todos os dias, e no dia de hoje, em especial, lembramos da importância de um trânsito mais humano", afirma o presidente do Detran.RJ, Adolfo Konder.

Para participar das atividades, os interessados devem ligar para 2332-0471. A doméstica Alessandra Rodrigues e Silva, que perdeu o filho em um acidente de trânsito há cerca de um ano, é mais uma assistida do NAVI que faz questão de destacar o atendimento realizado por este núcleo do Detran.RJ: "Sobreviver à perda de um filho é algo muito difícil de explicar. Cheguei ao NAVI por acaso. Estava ligando para o Detran para tratar de outro assunto e, na mensagem telefônica, entrou aquela parte que falava Disque 1 para o setor tal, Disque 2 para o serviço tal, até que citaram o NAVI. Aquilo me despertou. Liguei e uma profissional do núcleo me atendeu. Foi ótimo e começamos. Fui acolhida com muito carinho", enfatiza Alessandra.