Bar e Restaurante Amarelinho, na Cinelândia, reabriu neste sábado (20) com chope grátis e sambaMARCOS PORTO

Rio - A fila para o chope dobra a Cinelândia, e nem mesmo a chuva fraca que ameaça apertar é o suficiente para desanimar frequentadores do Amarelinho, reinaugurado neste sábado (20) após meses de atividades suspensas. A reestreia tem a distribuição de chope grátis, das 14h às 18h, e show de Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador.
A fila do chope mistura frequentadores antigos, turistas de passagem e a população que circula pela Cinelândia. A administração calcula que quase 100 barris foram comprados para a celebração. O estabelecimento aproveita a reabertura para arrecadar alimentos não perecíveis para a campanha Ritmo Solidário.
Excepcionalmente neste sábado, o restaurante disponibilizou mesas na rua. A entrada foi cercada por grades para evitar a lotação. Deomar Neves, 55, chegou cedo. "Cheguei por volta de meio-dia para garantir meu lugar. Já bebi dez chopes. O Amarelinho é um patrimônio do Rio, estava morrendo de saudades".
Inaugurado em 1921, o Amarelinho fechou as portas em abril deste ano, em pleno centenário, por conta do alto custo de manter o bar aberto e o baixo número de frequentadores. Antônio Rodrigues, dono da Rede Belmonte, com 16 bares no Rio, comprou o estabelecimento há dois meses. O local passou por reformas pontuais na cozinha e uma leve mudança no cardápio, sem perder o jeito tradicional.
Placa de patrimônio cultural
Durante as comemorações, o secretário municipal de Planejamento Urbano, Washington Fajardo, e a presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, Laura Di Blasi, entregaram a placa de patrimônio cultural carioca ao novo dono, Antônio Rodrigues. Também compareceram ao evento: o Secretário de Cultura, Marcus Faustini; o Subprefeito do Centro, Leonardo Pavão e o Gerente Executivo Local do Centro, Rodrigo Moitrel.
"Os patrimônios afetivos da nossa cidade são sempre muito frágeis. Dependem de atenção e empenho coletivo, público e privado. Especialmente no Centro do Rio, abandonado pela administração anterior e duramente atingido pela pandemia, o Amarelinho não resistiu. O Centro do Rio é um local de trabalho, de negócios, de trabalhadores, e com o Reviver Centro voltará a ser um lugar de morar. Um centro de 24 horas por dia. A reabertura do Amarelinho pelas mãos do Antônio Rodrigues é uma demonstração da recuperação da força e da vitalidade da área central. O Amarelinho é uma das caras do Centro. Um bem cultural tombado. Um bar ao lado da política, numa praça de liberdade e de reivindicações. Alegria e crítica juntos. Típico do Rio", afirma Fajardo.

O prédio de paredes amarelas é considerado um dos primeiros arranha-céus da cidade e é tombado pelo município desde 1989. Com a entrega da placa, o Amarelinho passa a integrar o Circuito dos Botequins, que visa identificar os locais característicos e tradicionais da boemia, afirmando o significado destes locais para a cultura carioca. O Amarelinho da Cinelândia é o 28º a figurar nesta relação, que conta com bares de tradição como Bar da Portuguesa, Casa Paladino, Bar Adonis e Adega Pérola.

"Conceder uma placa de patrimônio ao Amarelinho é para nós uma honra e uma obrigação. Ele não é só um bar. Fundado em 1921, ele é um ícone da boemia e da cultura carioca. Seu fechamento mexeu com o coração dos cariocas e da cidade e a placa serve, de certa forma, de comemoração pela sua reabertura", diz a presidente do IRPH, Laura di Blasi.

Para Antônio Rodrigues, novo dono do Amarelinho, é necessário ação para que pontos importantes da história da cidade não se acabem. "Lugares como o Amarelinho, o Bar Brasil, Fiorentina e tantos outros não podem acabar. E, não podemos esperar só pelo poder público. Nós que ganhamos dinheiro nessa cidade, precisamos ajudar. Os tempos são difíceis, mas eu acredito muito no Centro da cidade. Cada um precisa fazer sua parte".