Perfil do militar Ronny PessanhaReprodução/Redes Sociais

Rio - A Polícia Militar informou que abriu uma investigação para apurar uma possível publicação nas redes sociais de um militar que está preso por envolvimento com a milícia. No Facebook, um perfil atribuído ao policial Ronny Pessanha de Oliveira, de 29 anos, comemorou a ação que deixou nove mortos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio.
"Fizemos uma 'baguncinha' no Salgueiro", diz uma postagem. Em outra, já no story do perfil, ele teria dito, logo após moradores encontrarem os corpos com sinais de tortura, que "o legista deve estar p*". Confira:
Perfil do militar Ronny Pessanha - Reprodução/Redes Sociais
Perfil do militar Ronny PessanhaReprodução/Redes Sociais
Segundo a Polícia Militar, a 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) realizou uma revista na cela do preso e nenhum aparelho celular foi encontrado. Ronny está detido no Batalhão Prisional da PM, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, desde dezembro de 2020. Ele foi detido por integrar a milícia que agia na Muzema, na Zona Oeste do Rio.
PM ostentava vida de luxo nas redes 
Conhecido como Caveira ou Neguinho do Bope, Ronny ostentava vida de luxo nas redes sociais. É ele quem aparece, em uma foto, sentado em uma moto e ao lado de uma BMW que custa mais de R$ 200 mil. O veículo foi apreendido pelos agentes durante sua prisão.
Pessanha já foi do Batalhão de Operações Especial (Bope) e estava lotado no 41º BPM (Irajá). Segundo investigações, ele comandava a segurança do grupo paramilitar. "Por ter essa expertise, no que se refere a ações táticas, ele orientava os membros da milícia de como se portar no manuseio de arma de fogo na condução do dia a dia e nas cobranças que eram realizadas armadas naquela região", explicou o delegado William Penna, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) na época.
Ainda de acordo com a investigação, policial usou um fuzil para intimidar uma vítima e exigir pagamento de R$ 50 mil e a entrega de quatro imóveis que eram usados por ele. Caso contrário, a vítima e seus familiares seriam assassinados. Em depoimento, a testemunha contou que realizou duas transferências bancárias para a conta pessoal do policial, uma no valor de R$ 15 mil e outra no valor de R$ 9mil.
Ação no Complexo do Salgueiro
Na segunda-feira (22), moradores do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, encontraram ao menos oito corpos em uma área de mangue na região, horas depois de uma ação da corporação em represália a morte do sargento da PM Leandro da Silva, de 40 anos, durante confronto com criminosos. Um parente de uma das nove pessoas encontradas mortas contou que funcionários do Instituto Médico Legal (IML) o informaram que o reconhecimento do corpo teria que ser feito do tórax para baixo, uma vez que os rostos das vítimas estavam irreconhecíveis e com sinais de tortura.
A Defensoria Pública do Rio, por meio do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) e da Ouvidoria Externa, informou que a operação foi comunicada tardiamente ao Ministério Público do Rio (MPRJ). Segundo a instituição, a ação militar só foi comunicada no sábado (20) à tarde, embora tenha começado de manhã.
Procurada, a PM informou que já instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar todas as circunstâncias da ação e colabora inteiramente com as investigações.