Justiça determina o despejo do Estação Net Rio Foto: Reprodução / Estação Net Rio
O decreto levou em consideração o valor arquitetônico e cultural do edifício, representante da arquitetura de linguagem Art-Déco e sua importância para a paisagem carioca. A decisão também pretende proteger o prédio de ações que prejudiquem sua integridade. Dessa forma, qualquer intervenção física que venha a ser realizada no imóvel deve ser previamente aprovada pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, bem como para a instalação de letreiros, anúncios, engenhos de publicidade e toldos.
O Conselho Municipal também vai providenciar os estudos e levantamentos necessários para o tombamento definitivo da edificação. No dia 12 de novembro, após a decisão da Justiça pelo despejo do cinema, dezenas de pessoas se reuniram na frente do estabelecimento para pedir o não fechamento do local. Na ocasião, o vereador Lindbergh Farias (PT), chegou a criar um Projeto de Lei para tombar o empreendimento. As dez salas de cinema de rua do Grupo Estação também foram inscritas no Cadastro de Negócios Tradicionais e Notáveis, considerando os cinemas Estação Net Rio, Estação Botafogo e Estação Ipanema marcos referenciais na cultura cinematográfica do Rio de Janeiro.
A decisão considera ainda que as salas de cinema de rua contribuíram e ainda tem por contribuir para as políticas de cultura audiovisual; a necessidade da preservação das salas de espetáculos que apresentam valor cultural e o incentivo para a permanência de negócios tradicionais na cidade. A medida ainda lembrou que o Grupo Estação é um dos fundadores e desenvolvedores do Festival do Rio, um dos maiores e mais importantes festivais audiovisuais do Brasil e da América Latina e destacou a paralisação das atividades por conta da pandemia de covid-19.
Reforça também que a ação judicial foi o único caminho possível a ser seguido após inúmeras tentativas de acordo para que o Grupo Estação quitasse todos os seus débitos referentes a aluguel e taxas. Além disso, o GSR ressalta que, desde 2014, vem fazendo concessões para viabilizar a operação do inquilino, que, além de tudo, não faz a manutenção adequada do imóvel.
O Grupo Severiano Ribeiro também é exibidor e luta pela retomada do cinema, que sofreu e ainda vem sendo impactado pela pandemia. No entanto, informa que, em respeito à tradição do cinema de rua e à vida cultural da cidade, vai transformar o atual cinema, com base em um projeto que terá o mesmo nível de qualidade e preservação aplicado ao Cine Leblon, cuja inauguração está prevista para 2022.
Por fim, reforça que a reforma levará para Botafogo o mais moderno cinema de arte do Rio de Janeiro, o que, além de continuar contribuindo para a cultura, ajudará a levar mais segurança ao bairro, beneficiando todos os moradores da região e entorno.
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