Responsáveis pelos estabelecimentos furtam água e energiaReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Prefeitura do Rio e polícias Civil e Militar fazem megaoperação contra lava-jatos clandestinos
Estabelecimentos na Avenida Leopoldo Bulhões foram demolidos. Um pé de maconha foi encontrado na via
Rio - Agentes da 21ª DP (Bonsucesso) realizam, nesta terça-feira (30), a operação Limpidus, contra lava-jatos clandestinos localizados entre os bairros Bonsucesso e Benfica, na Zona Norte. A região conhecida como "Faixa de Gaza", na Rua Leopoldo Bulhões, é dominada pelo tráfico de drogas e tem diversos estabelecimentos instalados de maneira irregular. A ação conta com apoio da Polícia Militar, concessionárias de energia e de água. A Guarda Municipal, a Secretaria de Conservação, além da Secretaria de Ordem Pública (Seop) e da Comlurb também atuam no local. O número de presos ainda não foi divulgado.
Hilton Alonso, titular da delegacia de Bonsucesso, disse que a unidade utilizou um drone para contabilizar os lava-jatos da região. Ao todo, são 83 estabelecimentos ilegais, alguns deles também são utilizados como ponto de venda de drogas. "As pessoas que param o carro para lavar, aproveitam e compram a droga de forma tranquila e sem precisar entrar na favela", explicou. Em um dos pontos os policiais encontraram um pé de maconha.
Os lava-jatos funcionam sem autorização dos órgãos públicos e ocupam uma das faixas da Leopoldo Bulhões, interrompendo a circulação de veículos. Os estabelecimentos são mantidos com energia elétrica e água furtadas. Além disso, os responsáveis utilizam cones de sinalização, em sua maioria furtados de empresas e órgãos da prefeitura como da Linha Amarela.
As investigações apontam que o tráfico de drogas explora os lava-jatos para aumentar a arrecadação. Criminosos cobram uma taxa de R$ 30,00 por cada estabelecimento. Além disso, aqueles que se intitulam "donos do ponto" também cobram um valor pelo uso do espaço.
Diego Vaz, subprefeito da Zona Norte, diz que a prefeitura compreende o momento de dificuldade financeira dos moradores das comunidades e em toda a cidade do Rio, mas que é preciso combater a expansão do domínio de grupos criminosos.
"A gente entende o momento econômico da cidade, entendemos toda a dificuldade que as pessoas estão passando, sabemos que dentro das comunidades pessoas precisam trabalhar, mas infelizmente a força do poder paralelo se usa dessa dificuldade, desse momento infeliz que a gente vive para poder usar as pessoas mais vulneráveis", explicou.
O secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, foi ao local acompanhar a remoção dos lava-jatos. Segundo ele, a região foi mapeada pela delegacia de Bonsucesso e o local conta com cerca de 80 estabelecimentos irregulares.
"Eles mapearam aproximadamente 80 pontos de Lava Jato clandestinos. Então é um trabalho muito impactante na cidade, que vai liberar essa via de grande fluxo, além de fazer com que o espaço seja devolvido ao cidadão carioca e as atividades ilegais sejam efetivamente combatidas aqui pela prefeitura junto às forças policiais", disse o secretário.
Carnevale disse que as construções serão demolidas e que o objetivo é que a região não volte a ser explorada pelo tráfico. "A gente busca impactar de forma definitiva a região dificultando o retorno desses desses ilegais aqui ao local", completou.
O secretário de Meio Ambiente, Eduardo Cavaliere, explicou que a operação vem sendo planejada há cerca de seis meses em conjunto com as polícias. Ele definiu a região como "um dos grandes absurdos da cidade do Rio", e disse que a prefeitura será rigorosa com a atuação desses estabelecimentos ilegais.
"Completamente ilegal, em via pública, sem nenhuma caixa de separação. Tem químicos usados, além do furto de água permanente aqui nesse conjunto", destacou.
Colaborou Reginaldo Pimenta
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