Projeto para destombar Canecão é votado nesta terça-feira na Alerj. Revogação permitiria reestruturação do local. Estefan Radovicz / Agência O Dia
Câmara aprova em primeira discussão transformar Canecão em equipamento cultural
Tradicional casa de shows na Zona Sul está fechada desde outubro de 2010, após briga judicial de quase 40 anos entre a UFRJ e o antigo inquilino
Rio - A Câmara Municipal do Rio aprovou em primeira discussão nesta terça-feira (30), o projeto de lei complementar que estabelece condições para reconstrução do Canecão, no Campus Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em Botafogo, na Zona Sul. A proposta modifica o zoneamento urbano da região para permitir que a tradicional casa de shows possa funcionar como equipamento cultural multiuso. No último dia 12, a medida foi tema de audiência pública da Comissão de Assuntos Urbanos.
Durante a discussão, os vereadores se comprometeram a apresentar um substitutivo ao texto para ajustar detalhes como gestão pública do equipamento, necessidade de estudos de impacto de vizinhança, licitação de área de estacionamento, entre outros e, o líder do governo, o vereador Átila Nunes (DEM), adiantou que será apresentado antes da votação em segunda discussão, "pois esse é um tema que vem se arrastando por anos e merece toda a atenção da Câmara Municipal", declarou o parlamentar.
Segundo o projeto, o equipamento cultural terá altura máxima de 20 metros, contados a partir da cota de implantação do pavimento térreo, incluindo todos os pavimentos e excluídos os compartimentos ou equipamentos técnicos acima do último pavimento. A proposta prevê ainda que o projeto arquitetônico deverá contemplar a oferta de local para embarque e desembarque de passageiros e de carga e descarga, sem prejudicar a circulação nas vias do entorno, sujeitas à análise e anuência do órgão municipal responsável pela engenharia de tráfego.
"Este é um projeto que interessa à cidade, ao governo, à UFRJ e aos moradores do entorno que desejam que naquele espaço volte a funcionar um equipamento cultural. A nossa questão é saber que equipamento será erguido, como será gerenciado e com que características isso irá acontecer (...) Defendemos que esse equipamento cultural multiuso seja de fato público, sob gestão pública, que atenda também à autonomia universitária", disse o vereador Tarcísio Motta (PSOL), membro da Comissão de Cultura da Câmara
"Nossa comissão realizou debates e audiências públicas para discutir a revitalização do Canecão e, durante as conversas junto às associações de moradores, chegamos a um novo limite, incluindo estudos de impacto viário, licitação transparente de vagas de estacionamento, área de permeabilidade e recuo para que este equipamento tenha qualidade sócio-ambiental", explicou a presidente da Comissão de Assuntos Urbanos, Tainá de Paula (PT).
Caso o projeto seja aprovado, o próximo passo é a divulgação de um chamamento público para atrair a iniciativa privada para financiar a obra. "O PLC trata apenas de autorizar o funcionamento do equipamento cultural ali. Uma vez autorizado, nós vamos partir para o projeto do que nós queremos que seja: um equipamento cultural com uma sala de 1.500 lugares, que comporte ópera, musicais, mas também salas associadas onde possa haver exposição e áreas externas onde o público possa também visitar", explicou a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho.
O Canecão
O Canecão foi inaugurado em 23 de junho de 1967, como uma cervejaria. A transformação em casa de espetáculos se deu dois anos depois, com show de Maysa, dirigido por Bibi Ferreira. Pelo palco, passaram artistas nacionais e internacionais consagrados como Ellis Regina, Chico Buarque e Elymar Santos, que chegou a pagar para se apresentar no local, até a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) conseguir o direito de retomar o lugar. A universidade recebeu o terreno da União nos anos 1960.
Cobiçado por músicos, o espaço de 116 mil metros quadrados, entre a Avenida Venceslau Braz e a Rua Lauro Muller, está fechado desde outubro de 2010. O encerramento ocorreu após uma briga judicial de quase 40 anos entre a UFRJ e o antigo inquilino, o empresário Mário Priolli. A instituição argumentava o não pagamento do aluguel pelo ex-dono. Desde então, nada foi feito no local. Em junho de 2019, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) aprovou por unanimidade, o destombamento do Canecão. A casa de shows era tombada há 20 anos.
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