Nesta sexta-feira, dia 03 de dezembro, é comemorado o Dia Internacional das Pessoas com DeficiênciaReprodução internet

Rio - O Programa de formação e qualificação em museus lançou uma videoaula recente no canal do Youtube do HUB+ sobre acessibilidade para Pessoas Com Deficiência. O material é ministrado pela psicóloga, Camila Alves, que trabalha há mais de 10 anos em instituições culturais e é uma mulher cega que conta com um cão guia. No material, Camila apresenta sua experiência dentro desses espaços e aborda pensamentos e práticas que ultrapassam os limites técnicos, apresentando formas mais estéticas de incluir e transformar, além de analisar os desafios da acessibilidade nesses espaços.
O programa foi lançado dias antes do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, comemorado nesta sexta-feira (03). A data foi criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas e é um momento para a reflexão dos desafios enfrentados e das melhorias que devem ser feitas para garantir mais acessibilidade e inclusão social.
De acordo com Camila, nos últimos séculos, a experiência da deficiência é marcada pela falta, pelo déficit e pela incapacidade das pessoas. “É importante que a gente possa acordar com que noção de deficiência nós vamos trabalhar, isso vai garantir quais ferramentas acessíveis nós vamos produzir”.
Segundo ela, a acessibilidade em espaços públicos e culturais, mais do que ser proporcionada pelo acesso às informações acerca das obras, é efetivada por meio de uma experiência estética, sensível, acessada e promovida pelas práticas de mediação que reúnem pessoas com e sem deficiências. “O dia 3 é para mim, a oportunidade de fortalecer as nossas pautas, a celebração de nossas lutas e visibilidade de nossas existências. Nossa luta é diária”, explica Camila.
Selecionados no programa HUB+, o museu municipal Corina Peixoto de Araújo, em São Fidelis, no Norte Fluminense, tem investido para que cada vez mais pessoas com deficiência tenham acesso a instituição. Recentemente o piso do anfiteatro recebeu uma pintura destinados a pessoas em cadeira de rodas. De acordo com a historiadora e mediadora da Biblioteca e Museu, Lelaine Mota, além das formações em acessibilidades realizadas pelo programa, por meio de workshops e mentorias técnicas, também estamos participando de um curso básico de Introdução a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).
A acessibilidade cultural para pessoas com deficiência é também um dos temas que desperta a atenção do Museu Finlandês Eva Hilden, em Itatiaia. De acordo com o presidente do Clube Finlândia, Osvaldo Castro, a instituição também está se preparando para receber um pequeno grupo de pessoas com deficiência visual para uma mostra experimental utilizando o recurso da audiodescrição.
“Parece simples, mas é um processo com inúmeros detalhes, que demanda o trabalho de diferentes profissionais, e pode beneficiar também (pessoas com deficiência intelectual, com síndrome de down, autistas, com TDAH, dislexia, idosos, entre outros”, explica Castro.
Para a Coordenadora Geral do Programa, Rafaela Zanete, O HUB+ já possui em seu DNA e como premissa fundamental a acessibilidade. A relevância do tema está inserida já dentro das diretrizes de atuação do Programa tendo suas ações em acessibilidade como eixo transversal a todas as práticas e atividades realizadas. “Realizamos mentorias técnicas, workshops e cursos EAD na temática da acessibilidade sendo ministrados por profissionais de referência especialistas na área, incluindo pessoas com e sem deficiências”, aponta Zanete.
Segundo ela, o interessante da videoaula da Camila é que sai da lógica de pensar menos a acessibilidade sendo "cumprida" por meio de recursos e tecnologias e mais pensada integrada dentro da missão e atuação dessas instituições, que não devem pensar em ações somente "para", mas "com" e "por", compreendendo a diversidade dos públicos e dos profissionais que atuam nessas instituições.